Política e Administração Pública

Brasil não deve atingir metas do milênio para crianças

05/06/2007 - 18:25  

Participantes da audiência pública que analisou o relatório da Rede de Monitoramento Amiga da Criança sobre ações voltadas para a criança e o adolescente em 180 países concluíram, nesta terça-feira, que o Brasil não deve atingir as metas do milênio para crianças e adolescentes. A conclusão deve-se ao fato de que até 2010 o Brasil deverá gastar apenas 56% dos recursos necessários para alcançar as metas sociais.

As metas estão previstas no documento "Uma mundo para as crianças", aprovado em maio de 2002 durante a sessão especial da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre a Criança, em Nova Iorque. A audiência foi promovida pelas comissões de Educação e Cultura e de Direitos Humanos e Minorias.

A Fundação Abrinq, entidade que mobilizou as organizações sociais para compor a rede, apresentou no relatório um conjunto de recomendações para que o Brasil consiga avançar na direção do cumprimento das metas até 2015. No documento, são propostos quatro eixos de atuação: a promoção de vidas saudáveis; o acesso à educação de qualidade; a proteção contra os maus-tratos, a exploração e a violência; e o combate à AIDS.

Recursos
O superintendente-adjunto da Fundação Abrinq, Fernando Teixeira Mendes Filho, afirmou que a rede de monitoramento reconhece os esforços do governo federal, mas considera que as ações são insuficientes: "O combate às iniqüidades ficou bastante aquém do esperado; o contingenciamento de recursos destinados ao Plano Presidente Amigo da Criança e do Adolescente (Ppaca) e um conjunto de falhas menores indicam que o Brasil não atingirá até 2015 as metas pactuadas com a Organização das Nações Unidas." O relatório cita a qualidade da educação como o principal desafio a ser enfrentado.

De acordo com Mendes Filho, para que se cumpram os compromissos descritos no Termo Ppaca, assinado pelo então presidente eleito Lula, em 2002, é preciso que o Plano Plurianual "priorize em dotações orçamentárias específicas o combate às iniqüidades e afirme como prioridade o investimento no desenvolvimento humano de crianças e adolescentes".

Monitoramento
A deputada Maria do Rosário (PT-RS), coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, disse que não basta garantir dinheiro para os programas sociais. Segundo ela, é necessário criar mecanismos para acompanhar a aplicação dos recursos e a qualidade dos investimentos. "Precisamos criar a cultura do monitoramento. A democracia não é completa quando não há a capacidade de monitorar os recursos e a qualidade dos programas", explicou.

Maria do Rosário destacou a aprovação do Fundo Nacional de Manutenção do Ensino Básico (Fundeb) como um esforço do Poder Legislativo, do governo e da sociedade civil no sentido de melhorar os indicadores educacionais para as crianças e os adolescentes.

O deputado Pedro Wilson (PT-GO) disse que a palavra-chave a partir de agora deve ser "monitoramento". Segundo ele, o programa "Toda criança na escola", executado na década de 90, colocou 98% das crianças na escola, mas depois se constatou que muitas delas foram só matriculadas e não permaneceram nos estudos.

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Reportagem - Roberto Seabra
Edição - Regina Céli Assumpção

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