Economistas divergem sobre importância do fundo

28/08/2008 - 17:53  

Entre os economistas, a criação do Fundo Soberano do Brasil (FSB) é vista de forma variada. Na análise dos defensores, o FSB vai permitir a criação de uma poupança pública e dar mais meios para as empresas brasileiras competirem no exterior. O fundo poderá também obter retornos financeiros superiores aos da reserva cambial.

"Esse fundo vai melhorar a rentabilidade das nossas reservas. Além disso, precisamos ter meios de financiamento da grande empresa brasileira no exterior", disse o professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp) Ricardo Carneiro.

Ele elogiou a possibilidade de o fundo ser usado para comprar dólares no mercado interno, ajudando a reverter a tendência de valorização do real, que prejudica as exportações do País. Carneiro rebate o argumento de que a função cambial do FSB não será significativa, pois a valorização do real é provocada pelos juros e gastos públicos, que se mantêm elevados. "O fato é que, se não comprarmos mais dólares, a situação vai piorar, com o real mais valorizado", disse Carneiro.

Situação frágil
Para a economista Teresinha da Silva Bello, da Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE), sediada no Rio Grande do Sul, a criação do fundo é prejudicial para o País. Segundo ela, o instrumento só deveria ser criado quando o Brasil tivesse uma situação fiscal e externa mais sólida, com "superávites gêmeos" (nas transações com o exterior e nas contas públicas).

"O governo deveria pegar esse dinheiro e reduzir a dívida pública", afirmou Teresinha, que recentemente publicou um trabalho sobre fundos soberanos no mundo. Segundo ela, é um equívoco o governo fazer economia para formar o FSB quando ainda mantém uma dívida interna de grande peso fiscal. "É como se uma família que tivesse no banco uma dívida elevada poupasse recursos para gastar", exemplificou.

Reportagem - Janary Júnior
Edição - João Pitella Junior

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