Política e Administração Pública

André Vargas tem até hoje para apresentar recurso contra cassação

Na próxima semana, Conselho de Ética poderá ouvir mais testemunhas no processo de perda de mandato do deputado Luiz Argôlo e ainda instalar processo que pede a cassação do mandato do deputado Rodrigo Bethlem.

27/08/2014 - 13:41  

O deputado André Vargas (PR) tem até às 18h30 de hoje para apresentar recurso contra a decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que recomendou a cassação de seu mandato por atuação incompatível com o decoro parlamentar. A assessoria de Vargas informou que ele vai apresentar o recurso à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) dentro do prazo.

Conforme o Código de Ética da Câmara, a CCJ tem até cinco dias úteis para deliberar sobre o recurso, que passa a trancar a pauta do colegiado. O prazo começa a contar um dia após o recurso ter sido protocolado na comissão.

Reprodução/TV Câmara
Sonora Dep. Ricardo Izar
Ricardo Izar: caso CCJ aprove recurso, processo deverá retornar para o Conselho de Ética.

“Se ele apresentar recurso, alegando que houve alguma transgressão durante a análise do processo no Conselho de Ética, e esse recurso for aprovado pela CCJ, o processo terá que retornar para o Conselho para ser novamente analisado”, disse o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PSD-SP). “Já se for rejeitado o recurso pela CCJ, o processo segue direto para o Plenário [da Câmara dos Deputados]”, acrescentou.

Caso não haja recurso, o processo também seguirá direto para votação em Plenário. A decisão de incluí-lo na pauta cabe ao presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves.

Na última quarta-feira (20), o Conselho de Ética aprovou o parecer do deputado Júlio Delgado (PSB-MG), relator do caso, no qual ele conclui que Vargas intermediou contratos do laboratório Labogen, do doleiro Alberto Youssef, com o Ministério da Saúde. O doleiro foi preso em março deste ano na operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro.

O relatório de Delgado aponta ainda que Vargas feriu o Código de Ética da Câmara ao viajar com a família em férias para João Pessoa (PB), no final de 2013, em um jatinho alugado por Youssef por cerca de R$ 100 mil.

Luiz Argôlo
Na próxima semana, o Conselho de Ética poderá ouvir mais testemunhas no processo de perda de mandato do deputado Luiz Argôlo (SD-BA), também investigado por envolvimento com o doleiro Alberto Youssef. Até o momento, nenhuma das testemunhas confirmou presença nas oitivas marcadas para terça-feira (02) às 10h e quarta-feira (3) às 10h e às 14h.

Na primeira reunião de quarta-feira poderá ser novamente ouvida a ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, que já prestou esclarecimentos ao Conselho de Ética no último dia 13, convocada pelo relator do processo, deputado Marcos Rogério (PDT-RO). Desta vez, ela foi convocada pela defesa de Argôlo.

Na primeira participação, Poza confirmou a informação de que o deputado recebeu dinheiro do doleiro. Argôlo é acusado de ter recebido R$ 120 mil de Youssef por meio da conta bancária de seu chefe de gabinete, Vanilton Bezerra. A denúncia foi inicialmente publicada na imprensa e aponta ainda que Argôlo teria também recebido do doleiro dois caminhões de gado.

Rodrigo Bethlem
O Conselho de Ética da Câmara deverá instaurar na próxima terça-feira (2) o processo que pede a cassação do mandato do deputado Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ). O colegiado deverá sortear três deputados para relatar o processo e o presidente do Conselho de Ética escolherá um entre eles. “A partir do sorteio e da escolha do relator, nós temos 90 dias para concluir o processo, votando o relatório e o apresentando a Mesa Diretora para que seja votado pelo Plenário”, explicou Ricardo Izar.

Uma representação apresentada pelo PSOL, com base em reportagens veiculadas na imprensa, propõe a apuração da denúncia de que o deputado teria desviado recursos de um convênio firmado entre a ONG Casa Espírito Teslo e a prefeitura do Rio de Janeiro, entre 2011 e 2012.

As reportagens utilizaram como fonte gravações de conversas do deputado com a ex-mulher, a empresária Vanessa Felippe, na qual ele afirma que recebeu da ONG cerca de R$ 100 mil por mês durante o prazo do convênio.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Rachel Librelon

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