Direitos Humanos

Estudantes e entidades pedem investigação de Jair Bolsonaro

Parlamentar é alvo de representações na Corregedoria por supostas declarações racistas.

06/04/2011 - 18:23  

Saulo Cruz
União Nacional dos Estudantes, UNE e representantes dos povos afro-descendentes entregam carta para presidente da Comissão de Direito Humanos, Dep. Manuela D·Ávilla (PCdoB-RS)
Além dos estudantes, representantes de 22 entidades civis também pediram investigação de Jair Bolsonaro.

Representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e de outras 22 entidades civis apresentaram nesta quarta-feira um documento à Comissão de Direitos Humanos e Minorias em que pedem a investigação do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por suposto crime de racismo em comentários feitos durante o programa CQC, da TV Bandeirantes, exibido em 28 de março. O parlamentar nega a acusação.

“Não dá para um País, com teoricamente uma democracia plena, ter parlamentares preconceituosos, homofóbicos e machistas, como o deputado Bolsonaro”, disse o presidente da Ubes, Yann Evanovick.

A presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputada Manuela D´Ávila (PCdoB-RS), elogiou o protesto dos estudantes. “Isso significa que a sociedade brasileira está revoltada e que o nosso povo não é alienado”, disse.

Corregedoria
Jair Bolsonaro já é alvo de seis representações encaminhadas à Corregedoria Parlamentar em razão dos comentários feitos no programa de televisão. Ele foi notificado hoje e tem até cinco dias úteis para apresentar sua defesa. O deputado, porém, afirmou que deve se defender antes do fim do prazo regimental. “Tenho a certeza de que vou pulverizar essas denúncias”, disse, sem adiantar o teor do documento.

Afastamento da comissão

Assista à reportagem da TV Câmara sobre a manifestação contra Jair Bolsonaro e a resposta do deputado aos manifestantes.

Jair Bolsonaro é também integrante da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Manuela D´Ávila defende o afastamento do deputado e a indicação de outro nome do PP para o colegiado. “Há um desconforto notório; basta perguntar para a população brasileira se acha adequado que um deputado que não defende os direitos humanos esteja na Comissão de Direitos Humanos. É contraditório e até irônico”, argumentou.

O líder do PP, Nelson Meurer (PR), contudo, já confirmou que deve manter Bolsonaro na comissão. Segundo ele, não há qualquer motivo para afastá-lo. “Vivemos em uma democracia, e a democracia precisa de contraditórios”, argumentou.

Reportagem – Carolina Pompeu
Edição – Newton Araújo

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