Relator inclui direitos de assinantes na lei da TV por assinatura

15/05/2009 - 20:01  

Os usuários de TV por assinatura poderão ter mais direitos assegurados nas relações com as prestadoras do serviço. Na Comissão de Defesa do Consumidor, o deputado Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB) propôs em seu relatório a incorporação de alguns direitos já conquistados junto à Anatel e explicitou outros. Hoje, segundo a agência, o Brasil tem mais de 6 milhões de assinantes de TV fechada.

De acordo com o substitutivo do deputado ao Projeto de Lei 29/07, do deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), os assinantes terão o direito de contratar exclusivamente os canais de distribuição obrigatória e adquirir canais de programação de forma avulsa, sem a obrigação de escolher entre os pacotes oferecidos pelas TVs.

"Hoje você recebe um pacote, e muitos dos canais você não tem direito de escolher. Esse conjunto de medidas vai realmente dar uma guinada nas relações, e defender o consumidor", argumenta o parlamentar.

Ponto extra grátis
Além disso, o ponto extra de recepção do serviço passa a ser gratuito. A gratuidade chegou a ser incorporada ao serviço por regulamentações, mas foi contestada, e por isso o relator entende que deve constar da lei.

Também deve estar à disposição dos assinantes serviço de atendimento telefônico para a solução de problemas. E o assinante deverá receber uma cópia do contrato assim que for fechada a contratação do serviço. As duas normas apenas asseguram direitos que o relator julgou importante frisar, uma vez que não são cumpridos.

Internet
O relatório incorpora várias regras já aprovadas na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio. A principal inovação foi a extensão das regras de TV por assinatura também para serviços com transmissão pela Internet, inclusive o novo IPTV. A intenção do relator foi fazer com que a norma sirva para qualquer prestação de serviço de assinatura de conteúdos audiovisuais.

Uma das principais consequências práticas da proposta será a abertura da exploração do serviço de TV por assinatura pelas empresas de telefonia. Vital do Rego Filho não alterou a proposta quanto a esse ponto, embora tenha sugerido modificações na Lei Geral de Telecomunicações (Lei 9.472/97) de forma a tornar mais fácil a entrada dessas empresas no setor.

Cotas de conteúdo
As cotas de programação, tema mais debatido no âmbito dessa proposta, também sofreram mudanças. Pelo relatório, 30% do conteúdo deve ser nacional e independente, mas apenas nos canais que já veiculam conteúdo brasileiro.

A proposta anterior era de uma cota linear de 50% de conteúdo nacional (sendo 10% de conteúdo independente) em todos os canais, mas isso poderia atingir canais estrangeiros, o que inviabilizaria a aplicação da regra. Além disso, apenas conteúdo produzido há menos de 7 anos será considerado para efeito de cotas, o que na opinião do relator fortalece o mercado.

Nos pacotes, as distribuidoras de TV por assinatura deverão ofertar pelo menos um canal com 8 horas diárias de programas brasileiros, produzidos por produtoras independentes. Sempre que a distribuidora tiver um canal de brasileiro de conteúdo jornalístico em seus pacotes, deverá oferecer pelo menos mais um, dando mais escolhas ao assinante.

Produtoras
O relator também adequou a definição de "produção nacional" às regras da Agência Nacional do Cinema (Ancine), o que na prática abre espaço para a participação de co-produções de brasileiros com estrangeiros. A Ancine apoiou a mudança, reivindicada pelas produtoras brasileiras.

A publicidade nas TVs por assinatura também foi limitada à metade da permitida na TV aberta, ficando em 12,5% em cada hora de programação.

O relator propõe que seja dado poder de polícia à Anatel para a fiscalização do cumprimento dessas normas. As penalidades são basicamente as mesmas do serviço de radiodifusão aberta, podendo chegar ao cancelamento da permissão de transmitir. A Ancine também terá mais poderes e fiscalizará o cumprimento das cotas e as regras sobre pacotes de canais.

O prazo de cinco sessões para emendas ao relatório começou a contar hoje, e o deputado Vital do Rego Filho espera que na próxima semana ele entre na pauta da comissão.

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Reportagem - Marcello Larcher
Edição - Newton Araújo

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