Para psicólogo, licença é dívida da sociedade com crianças

22/09/2008 - 15:59  

O psicólogo Jorge Lyra, coordenador do Instituto Papai, considera positivas as iniciativas sobre licença-paternidade em tramitação na Câmara, embora tenha críticas a propostas que ampliam benefícios por meio da concessão de incentivos fiscais. Para ele, tornar opcional às empresas uma licença que deveria ser assegurada como direito aos trabalhadores não é a linha correta de ação. "Essa também é uma dívida que nossa sociedade tem com as crianças, independentemente do sexo de quem cuida delas", defendeu.

O Instituto Papai, que participa da campanha "Dá licença, eu sou pai!", é uma ONG que luta por direitos e deveres iguais para homens e mulheres no campo reprodutivo. "Uma licença-paternidade ou licença-maternidade acaba cristalizando o papel da mulher como mãe e do homem como quem sustenta a casa, mas devemos repensar a estrutura e os valores dessa sociedade", disse.

Outro dado importante da campanha "Dá licença, eu sou pai!" é que a maioria dos homens desconhece o direito à licença. Nas duas primeiras cidades onde a pesquisa foi feita, o número foi alto. Em Recife, 44% dos homens diz não conhecer o direito à licença, e no Rio de Janeiro, onde a pesquisa foi feita com jovens em comunidades de baixa renda, 83,4% desconhecem a licença-paternidade.

Licença parental
Existe uma sugestão de que as duas licenças sejam substituídas por uma única, independente do sexo, que será requisitada por um dos dois, de acordo com o que for negociado pelo casal. A opção é conhecida como licença parental. "Alguns países concedem seis meses para que os pais decidam quem vai se licenciar, e isso é importante porque nem sempre é a mãe que cuida do filho", lembra o deputado Alceni Guerra (DEM-PR), que é pediatra.

Reportagem - Marcello Larcher
Edição - Paulo Cesar Santos

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