Garcia: Farc são assunto interno da Colômbia

17/04/2008 - 16:56  

O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou hoje, em audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, que o Brasil não é indiferente ao conflito com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Para o assessor, no entanto, esse é um assunto interno da Colômbia.

A posição do Brasil, segundo Marco Aurélio Garcia, tem sido buscar um desfecho pacífico para esse conflito. Sobre a possibilidade de o Brasil atuar no processo de libertação dos reféns em poder das Farc, Garcia lembrou que o negociador daquele grupo foi morto e não há nenhum interlocutor no lugar dele. Segundo o assessor, o único canal de comunicação é o governo venezuelano, que ele classificou de "canal incerto". "Eu mesmo participei do processo de libertação de alguns reféns, mas é importante que tenhamos uma dinâmica mais forte de libertação e as negociações avancem."

Repúdio aos métodos
Questionado pelo deputado Antonio Carlos Pannunzio sobre como classificava as Farc – se um movimento político ou terrorista -, Garcia manifestou repúdio aos métodos usados pelo grupo, como seqüestros, ataques terroristas e uso de dinheiro do narcotráfico. O assessor disse, no entanto, que o Brasil não é uma agência de certificação e reclamou das cobranças para que o governo se manifeste oficialmente sobre o assunto. Garcia acredita que seria inadequado fazer como outros países, que classificaram as Farc de forças insurgentes e disse que isso levaria à internacionalização do problema.

O deputado Carlito Merss (PT-SC) perguntou ainda ao assessor da Presidência como o Brasil está tratando o episódio da invasão da Colômbia pelo Equador. Garcia respondeu que esse problema foi resolvido, mas reconheceu que a tensão entre os dois países não desapareceu. Segundo ele, na próxima reunião da União de Nações Sul-Americanas (Unasur), que será realizada em Quito (Equador), em maio, pode haver a reaproximação dos dois países, já que os dois presidentes estarão presentes.

Viés ideológico
Garciou afirmou que a política externa brasileira é orientada pelos interesses nacionais, e não pelo viés ideológico. O assessor apontou a integração da América Latina como prioridade para o governo e descartou qualquer possibilidade de conflito armado do Brasil com os países vizinhos. Segundo ele, uma ação militar na América do Sul não seria tolerada, e o país que sinalizar essa possibilidade certamente receberá uma sanção dos órgãos internacionais.

Mesmo assim, Garcia reconheceu a necessidade de reforço na fronteira da Amazônia, por ser mais vulnerável, depois de questionado por Pannunzio a respeito da corrida armamentista coordenada por Chavez na América do Sul.

Apesar das declarações, Pannunzio acredita que o viés ideológico prevalece sobre o interesse nacional na política externa do governo. Ele citou, por exemplo, as relações com a Venezuela e o episódio da expropriação da Petrobras na Bolívia. "Em vez de defender o interesse maior, que era da nacionalidade, o governo se preocupou com a estabilidade do presidente Evo Morales, prejudicando milhares de investidores brasileiros que tiveram parte de seus bens dilapidados, uma vez que a expropriação da Petrobras se deu por valores simbólicos", argumentou.

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Reportagem - Geórgia Moraes/Rádio Câmara
Edição - Francisco Brandão

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