CCJ aprova adesão da Venezuela ao Mercosul

21/11/2007 - 18:27  

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou nesta quarta-feira, por 44 votos a 17, o protocolo de adesão plena da Venezuela ao Mercosul. O Projeto de Decreto Legislativo 387/07, analisado hoje pela comissão, ratifica o texto do protocolo assinado em Caracas, em julho de 2006, pelos países que fazem parte do bloco econômico (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), além da própria Venezuela.

O relator da matéria, deputado Paulo Maluf (PP-SP), argumentou que a adesão da Venezuela ao Mercosul está de acordo com o artigo 4º da Constituição brasileira, que orienta o País a buscar a integração econômica, política, social e cultural com a América Latina.

A votação aconteceu depois de várias sessões de adiamento e de esforços da base aliada para conter deputados dissidentes, que ameaçavam votar contra em protesto às posições políticas assumidas pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez. No final, os partidos da base aliada votaram a favor do projeto, além do Psol e do PV. Os deputados do DEM, do PSDB e do PPS votaram contra o texto do protocolo.

Cláusula democrática
O líder do governo da Câmara, deputado José Múcio Monteiro (PTB-PE), acompanhou pessoalmente a votação na CCJ. Ele criticou os argumentos da oposição de que a cláusula democrática do Mercosul (protocolo de Ushuaia) seria um impedimento à entrada da Venezuela. "Deu-se muito valor a quem está governando a Venezuela e foram esquecidas as relações de séculos entre os dois países. Esqueceram que exportamos 3,6 bilhões de dólares para a Venezuela por ano e que ela representa hoje o segundo maior superávit na nossa balança comercial", disse o líder.

Já o 1º vice-líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), criticou a "mão forte" do Palácio do Planalto na votação da CCJ. Ele acredita que será possível reverter a decisão no plenário da Câmara ou no do Senado. "Esperamos que, até o fim dessa votação, a Venezuela não seja aceita pelo Mercosul", disse.

Vendas em alta
Os defensores do protocolo lembram que, entre 2003 e 2005, as exportações brasileiras para a Venezuela cresceram 265%, e que, portanto, rejeitar a proposta seria ir na contramão da aproximação econômica. O líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), lembrou que o país vizinho é hoje um dos principais parceiros comerciais do Brasil, com negócios crescentes. Ele citou o exemplo das indústrias farmacêutica e de automóveis, que têm na Venezuela um de seus maiores mercados. "A Venezuela é um país importante para o Brasil e para o Mercosul", afirmou.

Já os críticos afirmam que a entrada da Venezuela no Mercosul pode trazer mais problemas do que ganhos à integração. O líder do PSDB, deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP), disse que o governo de Hugo Chávez quer impor suas próprias regras e não cumpre os princípios do bloco. "A Venezuela não atendeu às condicionantes para ingresso no Mercosul", avalia.

Visão pragmática
O deputado Efraim Filho (DEM-PB) afirmou que a Venezuela não se enquadra nos termos do Protocolo de Ushuaia, e que, por isso, não deve ser aceita como integrante do Mercosul. "Não estamos discutindo simplesmente uma zona de livre comércio, mas a integração de nações. Se aceitarmos a Venezuela, abriremos a porteira para problemas futuros para o nosso País", afirmou.

O líder da Minoria, deputado Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), criticou a visão "pragmática e mercantilista" nas relações com o Mercosul. Segundo ele, a construção do bloco deve passar também pelas garantias democráticas. "O `cale-se` ao Hugo Chávez é o que ele vem fazendo com a oposição e a imprensa", afirmou Coutinho.

Leia mais:
Parlamentares defendem democracia venezuelana

Notícias anteriores:
Decisão sobre Venezuela no Mercosul sairá nesta quarta
Hugo Chávez é tema de polêmica no Parlamento do Mercosul

Reportagem - Roberto Seabra
Edição - João Pitella Junior

(Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura `Agência Câmara`)

Agência Câmara
Tel. (61) 3216.1851/3216.1852
Fax. (61) 3216.1856
E-mail:agencia@camara.gov.br
SR

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.


Sua opinião sobre: PDC 387/2007

Íntegra da proposta