Agropecuária

Minc se desculpa com agricultores, mas deputado pede sua demissão

24/06/2009 - 16:44  

Em audiência da Comissão de Agricultura, ministro do Meio Ambiente diz que chamou produtores rurais de "vigaristas" no "calor" do carro de som. Para Giovanni Queiroz, Minc "envergonha o País".

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pediu desculpas aos deputados por ter chamado os produtores rurais de "vigaristas", durante manifestação na Esplanada dos Ministérios no mês passado. Durante audiência pública realizada nesta quarta-feira pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, o ministro afirmou que as declarações não representam seu pensamento e foram feitas no "calor" do carro de som. "Todos aqui já subiram em carro de som e sabem que as pessoas se empolgam e vão além do que gostariam. E foi o que aconteceu", disse.

Ele lembrou que já havia se desculpado anteriormente com a divulgação de uma nota oficial e acrescentou que também recebeu declarações "ofensivas" de deputados da bancada ruralista: "Me chamaram de traficante para baixo", declarou.

O autor do requerimento da audiência, deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), considerou satisfatória a retratação do ministro e salientou que a audiência pública restabeleceu o diálogo entre o ministério e a Comissão de Agricultura, especialmente para avançar na mudança da lei ambiental.

Demissão
A opinião do deputado do Rio Grande do Sul, no entanto, não foi consensual. O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA), por exemplo, pediu a demissão do ministro. Para ele, Minc "envergonha o País", pelo fato de ter acusado os produtores rurais de serem "vigaristas" e depois ter dito que essa declaração não "corresponde ao seu pensamento". "Olha que vergonha, o País ter um ministro que diz o que não pensa. Acho que o senhor deveria sair daqui e pedir demissão", disse Queiroz. "O verdadeiro vigarista é aquele que tapeia, engana, que fala demais", acrescentou.

Minc respondeu que é direito dos deputados pedir a demissão dele e que caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva acatar ou não o pedido dos parlamentares.

O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), afirmou que as declarações de Minc foram feitas porque o ministro "não tem proposta e tem que criar factóides e acusações, satanizar alguém, para esconder a incompetência do ministério".

Já o líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), minimizou as declarações do ministro e afirmou que todas as pessoas já disseram frases que provocaram arrependimento. "Uma frase não apaga uma história de vida nem serve para julgar uma vida", declarou.

MP da Amazônia
Durante a audiência, o ministro anunciou que a Medida Provisória 458/09, que regulamenta a propriedade de terras na Amazônia, deve ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias. "A lei será aprovada com ou sem veto pelo presidente Lula nos próximos dias", disse. A MP foi aprovada pela Câmara no dia 13 de maio.

Minc avaliou como "boa" a regularização fundiária, acompanhada de zoneamento econômico-ecológico (ZEE). "O Ministério do Meio Ambiente está empenhado nessa questão no Brasil todo: no Rio, em Goiás e na Amazônia em especial, onde deve ser concluído até o final do ano", estimou. Com a aprovação, o ministro acredita que será traçada a linha da legalidade no País. "Vejo que 95% dos produtores querem a realidade."

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Em entrevista à TV Câmara, o ministro Carlos Minc defende uma lei geral para cada bioma.

Carlos Minc também foi questionado pelos deputados sobre a autonomia que os estados deveriam ter para fazer suas próprias legislações sobre meio ambiente. O ministro afirmou que é favorável à legislação federal referente aos biomas e a restringir a autonomia dos estados apenas à legislação complementar, sem diminuir o rigor da legislação federal.

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Reportagem - Rodrigo Bittar
Edição - Marcos Rossi

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