Suspensão da lei de cotas no Rio é criticada em audiência pública

27/05/2009 - 20:27  

O diretor-executivo da rede de cursos Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro), Frei David, lamentou a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro de suspender, no último dia 25, a lei estadual que institui a política de cotas nas universidades. "A Assembleia Legislativa aprovou as cotas com 54 votos a favor e apenas dois contra. Como o tribunal pode anulá-la a partir da ação de um único deputado?" perguntou. A Justiça atendeu a um pedido de liminar do deputado estadual Flávio Bolsonaro, que questionou a constitucionalidade da medida.

Para o deputado Pedro Wilson (PT-GO), essa decisão da Justiça reflete a reação "da elite branca brasileira" contra o sucesso dos alunos cotistas na universidades. "O que esperava a sociedade branca? Queriam que os cotistas fracassem, mas eles tiveram desempenho acima da média. Daí essa reação", assinalou, durante a audiência pública desta quarta-feira na Comissão de Direitos Humanos e Minorias.

De acordo com Frei David, em todas as 85 universidades que adotaram o sistema de cotas os beneficiados obtiveram médias iguais ou acima dos demais estudantes. Na Unifesp, conforme acrescentou, mais de 90% dos cotistas alcançaram média final entre 8 e 8,5, mesmo resultado dos outros. Na Universidade de Brasília (UnB), que usa notas na escala de 0 a 5, os cotistas teriam obtido 3,9, contra a média geral de 2,3. "Os cotistas provaram qualidade acadêmica; isso questiona a classe média que só entra na universidade depois de pagar por cursos caros", enfatizou.

Reportagem - Maria Neves
Edição – João Pitella Junior

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