Infraero admite falta de informações e de plano aeroviário

12/06/2007 - 18:43  

O presidente da Infraero, tenente-brigadeiro-do-ar José Carlos Pereira, admitiu nesta terça-feira, durante audiência pública na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Crise Aérea, que o sistema de informações aos passageiros é falho no Brasil. Segundo ele, no auge da crise aérea, deflagrada após o acidente com o Boeing da Gol em setembro de 2006, o grau de tumulto era o critério adotado pela Infraero na hora de escolher os vôos que decolariam. Se o tumulto relacionado a um vôo para Porto Alegre fosse maior que para outra cidade, voariam os passageiros com destino à capital gaúcha, por exemplo.

Ele afirmou também que a crise do setor aéreo ocorre em razão da ausência de um plano aeroviário nacional, que discuta o problema do trafego aéreo, da infra-estrutura dos aeroportos, do funcionamento das empresas aéreas e da relação entre a Aeronáutica, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a própria Infraero e as empresas. "A elaboração desse plano envolve praticamente todos os segmentos da sociedade", completou.

Fragilidade do sistema
O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), questionou Pereira sobre uma série de problemas relacionados à Infraero e ao funcionamento dos aeroportos. Um dos pontos levantados por ele foi a "fragilidade do sistema aeroviário brasileiro", incapaz de absorver o aumento de demanda.

José Carlos Pereira respondeu que o fluxo de passageiros vem crescendo a um ritmo de 15% a 16% ao ano, e que somente um novo marco legal para o setor poderia resolver o problema em definitivo. "Precisamos melhorar a eficácia do sistema", disse. Segundo ele, não basta construir novas pistas e terminais, se o sistema apresenta problemas em sua estrutura.

Pereira reconheceu também que o órgão não tem recursos suficientes para enfrentar o aumento da demanda. "Estamos no limite da capacidade de atender a demanda", disse. Segundo ele, é um desnível muito grande entre o crescimento do PIB (com previsão entre 4% e 5% de crescimento em 2007) e o da demanda do setor, mais que o triplo do primeiro. Ele acredita que os R$ 3 bilhões previstos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) para o setor aeroviário poderão sanar o problema nos próximos anos.

Controladores de vôo
O presidente da Infraero comentou os problemas salariais dos controladores de vôo, mas afirmou que isso não justifica as ações que eles tomaram nos últimos meses. "Não é colocando o povo em xeque que se consegue aumento salarial", disse.

Pereira afirmou que não acredita que a desmilitarização do controle de vôo resolva os problemas atuais e disse que a duplicação do sistema para que haja um sistema civil e outro militar seria insana, porque envolveria muitos gastos.

Veja os depoimentos prestados na CPI

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Reportagem - Roberto Seabra
Edição - Marcos Rossi

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