CPI vai questionar Aeronáutica sobre controladores de vôo

15/05/2007 - 20:26  

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Crise Aérea ouviu nesta terça-feira o depoimento do delegado da Polícia Federal responsável pelo inquérito sobre o acidente com o avião da Gol em setembro do ano passado, Renato Sayão Dias, e vai agora questionar os militares da Aeronáutica sobre o que vem sendo feito para apurar as responsabilidades dos controladores de vôo na colisão que causou a morte de 154 pessoas.

Sayão deu detalhes sobre o inquérito concluído pela PF na última quarta-feira. As investigações constataram falhas cometidas pelos pilotos do jato Legacy - que colidiu com o avião da Gol -, mas também revelaram irregularidades no trabalho dos controladores de vôo. Foi o primeiro depoimento tomado pela CPI.

O relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), considerou o relatório da PF muito completo e eficaz na identificação das responsabilidades civis dos pilotos do Legacy. Cabe agora, segundo ele, saber o que a Aeronáutica está fazendo para apurar o caso no âmbito militar.

Inquérito militar
Durante o depoimento na CPI, o delegado afirmou que a Aeronáutica ainda não instalou o inquérito policial militar (IPM) para investigar as responsabilidades dos controladores de vôo no acidente. Diante da informação, alguns deputados acusaram o governo de não querer investigar o problema para esconder a crise no sistema de controle aéreo brasileiro. "Agora está ficando claro o porquê de o governo ter combatido tanto a criação da CPI", afirmou a deputada Solange Amaral (DEM-RJ), autora do requerimento para a audiência com o delegado. "É urgente a necessidade de se instalar o IPM, para que não tenhamos uma análise parcial do acidente", acrescentou.

O Ministério da Defesa foi procurado no fim da tarde para falar sobre o assunto, mas não houve contato.

"Manobras diversionistas"
A deputada Luciana Genro (Psol-RS) criticou também o fato de a CPI ter começado a ouvir depoimentos a partir do acidente da Gol. Segundo ela, o foco nesse fato não vai permitir a investigação do controle aéreo brasileiro "como um todo". "Parece que não é a intenção do governo apurar os motivos que levaram à crise, pois está fazendo manobras diversionistas, nos levando a investigar o acidente", acusou.

Diante da acusação, o relator da CPI afirmou que a decisão de se iniciar as investigações pelo acidente permitirá aos integrantes da CPI conhecer "um quadro geral" dos problemas vivenciados no setor aéreo, uma vez que a queda do avião teria sido, na opinião do deputado, "a forma mais visível das dificuldades enfrentadas pelo controle do trafego aéreo".

A CPI volta a se reunir amanhã, às 14 horas, para votar requerimentos.

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Reportagem - Rodrigo Bittar
Edição - Marcos Rossi

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