Rádio Câmara

A chegada de uma mulher ao Palácio do Planalto deve mudar as políticas públicas relacionadas a questões de gênero? Parlamentares e analistas políticos avaliam que sim. Mas ponderam que a eleição de Dilma Rousseff não conseguirá, sozinha, incrementar a participação feminina na política. Integrante do Centro Feminista de Estudos e Assessoria, Guacira de Oliveira considera a vitória de Dilma um sinal importante de que a sociedade brasileira mudou. Mas ela lembra que o nosso sistema político precisa avançar bastante nesse campo.

“A gente espera que o compromisso que ela colocou se reflita em medidas mais ousadas. Contudo a gente não tem ilusões a respeito do contexto conservador em que se deu essa disputa política, seja com discriminação, pela exclusão das mulheres. Por exemplo, o não-cumprimento das cotas pra mulheres nas eleições fala muito da vontade política que está instalada em todos os partidos. Nenhum partido cumpriu a lei de cotas, a justiça eleitoral não puniu como devia o não-cumprimento dessa exigência. Existe uma resistência muito grande a enfrentar a desigualdade vivida pelas mulheres dentro dos espaços de poder”

A deputada Janete Pietá, do PT paulista, concorda com a análise, mas considera que a eleição de Dilma deve fortalecer as ações para ampliar a participação feminina no poder. Pietá destaca que a presidente eleita começou seu primeiro discurso se comprometendo a honrar todas as mulheres brasileiras.

“O primeiro ponto do discurso dela foi sobre a questão da mulher. E a questão não é tanto os ministérios, que eu espero que ela tenha um papel e uma participação importante das mulheres, mas ela vai ser a referência. A partir de agora vamos ter para as crianças e a juventude uma referência que nunca antes houve no Brasil, que é uma mulher, assim como Lula foi a primeira referência – e que deu certo – de um trabalhador no governo. Acredito que ela vai reforçar as políticas em relação à mulher, à saúde da mulher. Isso vai ser um marco no consciente e no subconsciente coletivo da nação”

Para Janete Pietá, a bancada feminina no Congresso deverá dar um suporte importante para a nova presidente, pois ela deve sofrer fortes pressões dos setores mais conservadores da sociedade. Já o cientista político José Donizeth afirmou à TV Câmara que o governo de Dilma Rousseff será um “momento histórico” para reverter o quadro de pouca representação política das mulheres brasileiras. Ele avalia que Dilma deverá dar cargos importantes a mulheres, inclusive em ministérios.

De Brasília, Mônica Montenegro.