Radioagência

Mais de cinquenta deputados já pediram à Mesa Diretora da Câmara a retirada de suas assinaturas do requerimento que pede a criação da chamada CPI da Lava Jato.

A criação da CPI foi proposta pelo líder do PT, deputado Paulo Pimenta, do Rio Grande do Sul, para investigar denúncias, publicadas pela imprensa, de que um escritório de advocacia estaria cobrando para poupar algumas pessoas de acusações de colaboradores da Lava Jato.

O requerimento foi apresentado no Plenário no dia 30 de maio, com número acima do mínimo de assinaturas para uma CPI: 190. As retiradas de assinaturas começaram quando sites de notícias e redes sociais começaram a associar a iniciativa a uma investigação contra a Lava Jato.

O deputado Rogério Rosso, do PSD do Distrito Federal, um dos que pediram a retirada de sua assinatura, disse que muitos deputados assinaram sem ter informações completas sobre os objetivos da CPI.

"Vários deputados, esses 40 ou 50 deputados, a grande maioria desses deputados defende a Operação Lava Jato, defende um país mais ético, um país mais transparente. Defendem, essencialmente, a Lava Jato. Assinaram este requerimento porque ele foi passado, no meu caso, no meio de votações no Plenário cheio, aonde as pessoas que passavam para colher as assinaturas diziam que era um requerimento para investigar um escritório de advocacia que estaria trabalhando contra a Lava Jato".

O deputado Paulo Pimenta negou que a CPI seja para investigar a Lava Jato. Segundo ele, é preciso investigar como foram feitas algumas delações premiadas diante dos indícios de que colaboradores estariam cobrando para não delatar. Ele criticou quem retirou a assinatura.

"Se se arrependeram, se estavam acovardados, se estão com medo, é mais digno que venham a público e digam: olha, eu sofri uma pressão. Isso aqui é uma Câmara dos Deputados, as pessoas estão aqui para honrar os seus mandatos. Vocês acreditam, em sã consciência, que alguém possa dizer que assinou uma CPI dessa envergadura, dessa importância, sem ter lido do que se tratava. Teve um parlamentar que chegou a dizer que trocaram o cabeçalho. Todos nós que trabalhamos aqui dentro da Câmara sabemos que documentos são autenticados, que não existe qualquer possibilidade de alteração de cabeçalho. Isso é uma irresponsabilidade".

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que vai decidir sobre a criação da CPI de acordo com o Regimento Interno da Câmara.

Mas, de acordo com a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, não existe a possibilidade de retirada de assinaturas de uma proposição já protocolada. A alternativa, no caso, seria a apresentação de outro requerimento contrário à CPI, assinado por mais da metade dos que assinaram o anterior, ou seja, 96 deputados.