25/04/2018 13:50 - Segurança
Radioagência
Abin alerta que Brasil precisa se preparar melhor para possibilidade de sabotagem na agricultura nacional
O oficial da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, Danilo Coelho defendeu que o Brasil se prepare melhor para possibilidades como agroterrorismo e sabotagem na agricultura nacional. Ele participou de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (nesta quarta-feira, 25) sobre a ameaça de armas químicas e biológicas.
O representante da Abin destacou que o Brasil não tem lista de agentes químico-biológicos selecionados que deveriam ser objeto de controle e de políticas públicas internas, tal qual outros países. A agência prefere falar em agentes químico-biológicos, em vez de armas, já que eles podem ser produzidos em um evento acidental em um laboratório, por exemplo. Segundo Danilo Coelho, a disseminação de um agente desse tipo pode provocar grande impacto na economia do País.
"Como por exemplo, a disseminação intencional de aftosa no rebanho bovino. Se houver uma disseminação intencional de febre aftosa, o impacto, mesmo que não mate nenhum ser humano, ele é enorme na economia nacional."
Conforme o oficial de inteligência, é preciso fomentar uma cultura de proteção, para que um agricultor que encontre uma praga exótica na lavoura, por exemplo, saiba o que fazer e a quem recorrer. Danilo Coelho defendeu que bombeiros e polícias tenham equipes especializadas para responder a esses eventos. Para ele, a Defesa Civil é preparada para desastres naturais, mas não para desastres químico-biológicos. Segundo ele, essas ações não dependem de mais recursos, mas da reorganização de estruturas já existentes.
O deputado Vinícius de Carvalho, do PRB de São Paulo, que pediu a audiência, também acredita que o Brasil não tem plano de resposta para eventuais ataques químico-biológicos. Ele mencionou, por exemplo, que o Disque 190, número da Defesa Civil para casos de emergência, não responde prontamente. Ele pediu a audiência motivado por episódio ocorrido na cidade inglesa de Salisbury, onde um ex-oficial de inteligência militar e sua filha foram envenenados com um agente químico de uso militar. Além disso, governos dos Estados Unidos e da Síria trocaram recentemente acusações sobre o uso de armas químicas contra rebeldes que ocupam o território sírio.
O coronel Chamon de Lamare, da subchefia de Operações do Ministério da Defesa, disse que os grandes eventos – como a visita do Papa ao Brasil em 2007, a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 – deram impulso para o País se desenvolver nessa área. Eles permitiram que o Brasil adquirisse novos equipamentos, e que diversas simulações de incidentes fossem feitas:
"Mas nós precisamos aperfeiçoar e consolidar mecanismos que foram adquiridos por ocasião desta série de grandes eventos, que deixaram seu legado, mas não podem ser interrompidos. Não pode morrer este tema, que é muito importante para todos nós."
Na audiência, a representante do Ministério das Relações Exteriores, Maria Cecília Vieira, ressaltou que o Brasil é signatário de convenções internacionais que proíbem a produção, estocagem e uso de armas químicas e biológicas. Segundo ela, o Brasil defende que haja ampla investigação dos casos de Salisbury e da Síria – primeiro país acusado de uso de armas químicas no século XXI.