21/09/2017 13:27 - Administração Pública
Radioagência
CPMI da JBS aprova convites para Janot e Eduardo Pelella deporem no colegiado
A CPI da JBS aprovou convite para que o ex-procurador geral da República Rodrigo Janot e o ex-braço direito dele no comando do Ministério Público, o procurador Eduardo Pelella, prestem depoimento sobre as circunstâncias em que se deram as negociações relativas aos acordos de delação premiada celebrados com os irmãos Wesley e Joesley Batista, controladores do grupo J&F, e com executivos da empresa.
Os empresários também prestarão depoimento à comissão, mas na condição de convocados, bem como o ex-procurador Marcelo Miller e o procurador Ângelo Goulart Villela, suspeitos de atuarem a favor do grupo JBS quando trabalhavam na equipe de Janot.
A diferença é que o convite não implica comparecimento obrigatório, ao contrário da convocação.
A CPI também aprovou a convocação do ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho.
Além dos donos da JBS, foram convocados os executivos do grupo J& F e o advogado da empresa, Willer Tomaz de Souza.
Os convites a Janot e a Pelella não foram aprovados por unanimidade na comissão. Um dos sub-relatores da CPI, deputado Delegado Francischini, do Solidariedade do Paraná, disse temer que o depoimento do ex-procurador geral da República se transforme em ocasião de vingança para algum parlamentar.
"Eu não concordo que o ex-procurador geral venha como investigado ou que venha por retaliação. E sim que venha como convidado para colaborar e contribuir com informações. Espero que esse convite sirva para que a gente possa tirar dúvida sobre operações, mas que não sirva para que no dia apareça um deputado, que talvez não seja nem dessa comissão, para fazer ataques pessoais, para tentar trazer vinganças privadas para esta CPMI".
O senador Randolfe Rodrigues, da Rede do Amapá, votou contra os convites e explicou que os depoimentos dos procuradores ferem as prerrogativas do Ministério Público.
A situação de Janot e Pelella é diferente da de Marcelo Miller e Ângelo Goulart, que se encontram na condição de investigados.
O relator da CPI, deputado Carlos Marun, do PMDB de Mato Grosso do Sul, defendeu a presença de Janot e Pelella, mesmo na qualidade de convidados.
Ele alega que um dos objetivos expressos no requerimento de criação da comissão é investigar os acordos com o grupo JBS feitos na Procuradoria.
"Eu peço que seja aprovado este requerimento de convite e faço uma outra consideração. Parece que nós estamos aqui, a cada momento, tendo que pedir desculpas por convocar A e B. Alguém aqui não assinou o requerimento de abertura da CPI? Está claro lá. Nós estaremos até prevaricando dali a pouco se não fizermos o que nos foi determinado por quem criou a CPI".
Diante da ameaça de obstrução da votação pela bancada do PT na comissão, as convocações dos ex-presidentes da Caixa Econômica Federal Maria Fernanda Ramos Coelho e Jorge Hereda foram transformadas em convites.
Ainda não há data para os depoimentos.