26/05/2017 15:03 - Direitos Humanos
Radioagência
Especialistas defendem empoderamento das meninas como meta de desenvolvimento sustentável
Bancadas Femininas e Procuradorias da Mulher da Câmara e do Senado promoveram o debate "Empoderamento das Meninas e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável". O evento aconteceu nesta quinta (25), no plenário 2 do Senado Federal, com a participação de especialistas da Unicef, Fundação Abrinq e outras organizações sociais. O debate foi conduzido pela Deputada Professora Marcivânia, do PCdoB do Amapá, que destacou o papel da educação:
"Que escola nós queremos? Uma escola alienante, indiferente? Uma escola que reproduz, simplesmente? Uma escola que educa para a libertação ou para a reprodução dessa sociedade que nós temos? Professor não pode ser indiferente, professor tem que estar no seu contexto. 16'30" então que seja um lugar - a educação, a sociedade, a família - de transformação, de formação de lideranças, de resgate da esperança, do amor e do valor que as meninas precisam ter, e que os meninos precisam respeitar."
Segundo o Ministério de Relações Exteriores, o Brasil teve um papel fundamental na negociação dos acordos internacionais em torno dos objetivos de desenvolvimento sustentável. Dos dezessete objetivos, o quinto é a igualdade de gênero. O compromisso dos países é de alcançar esses objetivos até o ano de 2030.
Para Gabriela Mora, da Unicef, a Organização das Nações Unidas para a Infância, a igualdade de direitos entre mulheres e homens só será uma realidade a partir do compromisso dos governos com o empoderamento das meninas.
A gerente de gênero da Plan International Brasil, organização parceira da Unicef, Viviana Santiago, explicou a relação entre desenvolvimento sustentável e igualdade de gênero:
"Quando a gente pensa nas gerações de meninas que já estiveram nessa terra, nesse mundo, nesse planeta, será que nós temos sido capazes de promover de maneira sustentável o direito dessas meninas? As meninas enfrentam desafios adicionais que impactam o seu desenvolvimento, impedem o pleno desenvolvimento do seu potencial."
Viviana também reforçou a importância de se ouvir as meninas no processo de construção de políticas públicas para elas:
"Mesmo quando a gente fala em processos de participação, em processos de escuta, eles tão carregados de uma visão adultocêntrica, que faz com que a gente perceba as meninas como pessoas que precisam aprender. O frescor que está no olhar das meninas, a sua relação com o mundo vem do fato de elas serem meninas hoje, e isso nós pessoas adultas não temos mais. Imagina a potência que a gente desperdiça quando a gente pensa que a gente só tem a ensinar?"
A representante da Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Heloisa Oliveira, da Fundação Abrinq, apresentou um histórico das conquistas das mulheres na história brasileira. A partir de uma linha do tempo, ela deu o exemplo da situação das mulheres no mercado de trabalho:
"Nas forças de trabalho você tem as mulheres ocupando 55%, quando chega aos cargos de direção são 11%. Caso o ritmo se mantivesse, a igualdade de oportunidades e de salários só se tornaria realidade em 2085. A cultura vai evoluindo e as leis vão mudando. Você tem de fato a mudança a partir do momento em que você tira as leis do papel e transforma em políticas, em atitudes, em ações."
A representante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, CONANDA, e Secretária Nacional para a Promoção dos Direitos das Crianças e Adolescentes, apresentou alguns dados alarmantes, como a taxa expressiva de casamentos de homens adultos com adolescentes. Claudia Vidigal também listou algumas ações que o governo federal vem realizando para promover o empoderamento de meninas:
"Mapeamos boas ações, boas práticas e bons projetos porque elas precisam se tornar políticas públicas. Se a gente mudasse todas as meninas de dez anos no mundo hoje, a gente mudaria o mundo."