Política e Administração Pública

CPMI pode convocar tesoureiro do PT e ex-contadora de Youssef

21/08/2014 - 16:08   •   Atualizado em 25/08/2014 - 15:09

Gabriela Korossy
CPMI da Petrobrás - Dep. Vital do Rêgo Filho e Dep. Marco Maia
Marco Maia (D), relator da CPMI, adiantou que pode pedir acareação entre Alberto Youssef e Meire Poza.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras vai se reunir na quarta-feira (3), às 14h30, durante o esforço concentrado, e pode aprovar mais convocações para depoimentos. Entre os novos pedidos, apresentados ontem (20), está a convocação do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. No total, estão na pauta 392 requerimentos.

A iniciativa partiu do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que pretende saber por que o tesoureiro se encontrou com o doleiro Alberto Youssef dias antes de ser deflagrada a operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF). Youssef foi preso, acusado de comandar um esquema criminoso, envolvendo corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e outros crimes.

Ao justificar seu requerimento, o parlamentar cita reportagem do jornal Folha de S. Paulo do dia 13 de agosto, segundo a qual a PF suspeita que João Vaccari Neto possa ter intermediado negócios entre o fundo de pensão da Petrobras, Petros, e empresas do doleiro. O encontro teria ocorrido na sede da GFD Investimentos, de propriedade de Youssef. A empresa, conforme depoimento de Meire Poza, ex-contadora de Youssef, não desenvolve qualquer tipo de atividade comercial.

Ex-contadora
Poza é outra que pode ser convocada pela CPMI na próxima reunião administrativa. O vice-presidente na comissão, senador Gim (PTB-DF), disse que incluiria a convocação dela, depois de pedido do deputado Rubens Bueno (PPS-PR).

“Youssef fez mais de 700 negócios com a Petrobras, ele foi intermediário. É fundamental para a CPMI a presença de uma pessoa dessas”, afirmou o parlamentar do PPS. Para o relator na comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), a fala de Poza precisa ser mais bem analisada.

O relator adiantou que pode pedir uma acareação entre Youssef e Meire."Pretendo trazer primeiramente o Youssef [o requerimento para ouvir o doleiro já foi aprovado pela comissão], escutar o que ele tem a dizer para, depois, confrontarmos com as informações que forem apresentadas pela contadora. Essa talvez seja uma acareação que tenhamos de fazer para esclarecer pontos investigados pela CPMI", declarou.

Laranja
Outro pedido de convocação apresentado diz respeito ao executivo João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado. Segundo o deputado Izalci (PSDB-DF), a Polícia Federal vê indícios de que ele seria “laranja” de Alberto Youssef.

O parlamentar lembra que, ao dar continuidade às investigações da Lava Jato, a polícia investigou o banco português Carregosa, supostamente usado por Alberto Youssef para remessas de valores à Suíça, e levantou que pelo menos 5 milhões de dólares em contas em nome de Procópio estão bloqueados em Genebra.

Imóveis
Um outro assunto que pode render investigação pela CPMI é a possível doação de imóveis pela presidente da Petrobras, Graça Foster, e pelo ex-diretor da Área Internacional da estatal Nestor Cerveró. Conforme reportagem do jornal O Globo, Foster e Cerveró teriam doado imóveis a parentes após estourar o escândalo sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. De acordo com a publicação, há registros em cartório que comprovam a doação de apartamentos em áreas valorizadas do Rio de Janeiro.

“Graça Foster repassou os bens a terceiros para fugir de uma condenação do TCU [Tribunal de Contas da União], e o Cerveró fez a mesma coisa. Não podemos deixar passar em branco o que está acontecendo”, reclamou Rubens Bueno, que apresentou requerimento para a comissão ter acesso aos documentos dos cartórios.

“A presidente Graça Foster esclareceu tudo. Não quero que a CPI seja palanque eleitoral”, rebateu a deputada Iriny Lopes (PT-ES). Na avaliação da parlamentar, a denúncia de O Globo ainda precisa ser averiguada.

Em nota oficial, a Petrobras refutou qualquer ligação entre as doações e a compra da refinaria de Pasadena e disse que Graça Foster já tomava providências para fazer sua doação desde junho do ano passado, um ano antes de o TCU declarar indisponíveis os bens de gestores e ex-gestores da companhia, entre os quais a presidente da estatal não estava incluída.

A reunião da CPMI será realizada no plenário 2 da ala Nilo Coelho, no Senado.

Reportagem – Tiago Miranda e José Carlos Oliveira
Edição – Marcelo Oliveira
Com informações da Agência Senado

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