Edições Câmara lança obra de primeira escritora negra do Brasil
21/09/2018 - 16:48
Em um esforço de valorizar as escritoras brasileiras, a Edições Câmara – editora pertencente à Casa – lançou uma edição de "Úrsula e outras obras", de Maria Firmina dos Reis.
A escritora é uma das homenageadas na exposição “As Mensageiras: Primeiras Escritoras do Brasil”, em cartaz até 3 de outubro no corredor de acesso ao Plenário Ulysses Guimarães.
Considerada a primeira escritora negra do Brasil e a primeira autora de romance abolicionista em toda a língua portuguesa, Maria Firmina foi pioneira na denúncia da opressão a negros e mulheres no Brasil do século XIX.
Infelizmente não foi reconhecida em vida. Neste trecho do prólogo da obra Úrsula, de 1859, a própria autora revela a condição feminina da época: "Sei que pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e a conversação dos homens ilustrados, que aconselham, que discutem e que corrigem".
O editor do livro, Wellington Brandão, fala sobre a relevância da autora.
"A Maria Firmino tem toda essa importância por mostrar a voz do personagem negro que, na literatura brasileira, por tanto tempo, ficou apagada. Na literatura de Maria Firmino, essa voz aparece legitimada porque a escritora era filha de uma escrava liberta e esses personagens, diferente de outros autores, têm memória e eloquência", destacou.
Outros autores
Além de "Úrsula e outras obras", a editora da Câmara oferece diversos outros títulos. O acervo, disponível em livraria.camara.leg.br, conta com grandes autores, como Machado de Assis, Aluísio Azevedo e José de Alencar.
O leitor pode comprar os livros físicos por preços acessíveis. Dom Casmurro, de Machado de Assis, por exemplo, custa 10 reais, com frete grátis. Pode também baixar gratuitamente a obra. O site conta com cerca de 160 livros disponíveis para download.
Segundo o diretor do Centro de Documentação e Informação da Câmara, André Freire, a Edições Câmara busca uma forma efetiva de levar cidadania para a população.
"Isso é, de fato, o acesso do cidadão à informação de qualidade e informação do Parlamento brasileiro. No site e na livraria física que tem na Câmara, o cidadão pode ter acesso ao conteúdo oficial. Entender as leis do seu país. E ao mesmo tempo, no processo de enriquecimento cultural, o cidadão tem acesso a publicações que fazem parte da história e da memória coletiva brasileira, da identidade cultural do Brasil", informou.
Reportagem - Giovanna Maria
Edição - Geórgia Moraes
