Direitos Humanos

Relatório sobre a escravidão no Planalto Central é lançado na Câmara

21/11/2017 - 16:23  

Um relatório sobre a escravidão e os quilombos que existiram na região de Goiás onde hoje fica o Distrito Federal foi lançado nesta terça-feira (21), na Câmara dos Deputados, como parte das atividades da Semana da Consciência Negra.

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Lançamento do Relatório “A Verdade sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal e Entorno
Solenidade, realizada no Auditório Nereu Ramos, teve a apresentação de manifestações culturais

A publicação é uma iniciativa da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal e Entorno, formada pelo Sindicato dos Bancários em março de 2016.

O texto resulta de pesquisas em documentos, como os de igrejas do século 18. Além disso, famílias de quilombolas foram entrevistadas. Dezenove militantes e profissionais de diversas áreas atuaram como voluntários para descobrir histórias sobre os negros que estavam esquecidas.

Relator da comissão, Mário Lisboa Theodoro lembrou que, à época do nascimento de Brasília, havia no local muitos descendentes diretos de escravos refugiados. “Quando chegou à região para organizar a construção da nova capital, Juscelino Kubitschek foi ao Quilombo Mesquita e lá pediu ajuda aos quilombolas”, destacou.

História esquecida
Waldicéia da Silva, consultora do colegiado responsável pela publicação, criticou o fato de as escolas locais ignorarem a presença dos quilombolas no Distrito Federal. “Os livros que as crianças utilizam hoje não têm essa história que nós acabamos de descobrir.”

O presidente da comissão, Humberto Adami, informou que vários municípios brasileiros estão fazendo, com a ajuda de subseções da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), levantamentos sobre o tema. “É necessário trazer à tona heróis, personagens, lendas e prédios que são objeto da escravidão negra e que foram apagados dos livros oficiais”, afirmou.

Holocausto
A deputada Erika Kokay (PT-DF) salientou a importância do relatório lançado hoje. “O Brasil tem de conhecer a sua história. É preciso entendermos que os navios negreiros foram uma espécie de holocausto no País e que há também um histórico de organização de luta e de busca da liberdade.”

Reportagem - Cláudia Lemos
Edição - Marcelo Oliveira

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