Política e Administração Pública

Entidades criticam adiamento da votação do Ficha Limpa

07/04/2010 - 20:43  

Entidades da sociedade civil criticaram o adiamento da votação do projeto Ficha Limpa (PLP 518/09 e outros). O projeto seria discutido em plenário hoje, mas foi devolvido à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) para que os deputados possam fazer emendas.

O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa, se disse decepcionado com a decisão dos líderes partidários. Ele considera o fato preocupante para a imagem do Congresso Nacional, já que, segundo ele, a resistência vem de partidos - e não de deputados isolados. “Estamos profundamente decepcionados com a resistência dos partidos que se recusaram a assinar o pedido de regime de urgência para a proposta”, ressaltou. Para o representante da CNBB, o adiamento expõe o corporativismo parlamentar. Seis partidos – DEM, PSDB, PV, PHS, Psol e PPS – assinaram o pedido de urgência, necessário para que a votação ocorresse.

Dom Dimas acredita que ainda há tempo para que a proposta vigore nas eleições deste ano. “Tecnicamente, ainda existe a possibilidade”, disse.

Para o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcanti, a decisão frustra o País, que vai exigir que o Parlamento cumpra o seu papel. Ele acredita que o eleitor saberá quem não quer uma política "limpa e ética".

Ophir Cavalcanti pretende se reunir novamente com o presidente da Câmara e com lideranças partidárias para tratar do assunto.

O presidente da Associação Brasileira dos Magistrados e Promotores Eleitorais, juiz Márlon Reis, ressaltou que a proposta não é contrária à política. “Há uma incompreensão política por uma parte dos deputados, não uma incompreensão técnica. Alguns ainda não compreenderam que esse projeto não é contrário à atividade política. Ele engrandece a imagem do Congresso. Vem a engrandecer a imagem dos próprios deputados”, disse.

Em sua opinião, a sociedade vai continuar vigilante e “dará o troco” na eleição deste ano. “Eu tenho esperança, tenho otimismo, e quero conclamar para que as assinaturas populares passem de 1,5 milhão para 3 milhões, para mostrar que o povo brasileiro quer ética na política”.

Reportagem - Mauro Ceccherini/Rádio Câmara
Edição - Patricia Roedel

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