Segurança

Deputado defende investimento na PF para combater tráfico na fronteira

28/06/2011 - 20:14  

Pedro França
Oslain Campos Santana (diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal)
Delegado Oslain Santana: maior parte da cocaína entra no Brasil pelo Centro-Oeste.

Em audiência pública para discutir a entrada de drogas pela fronteira amazônica, nesta terça-feira (28), o deputado Márcio Bittar (PSDB-AC) defendeu a centralização das ações e o aparelhamento da Polícia Federal (PF) como forma de combate ao tráfico.

O parlamentar ressaltou que o País tem mais de 11 mil quilômetros de fronteira com os três maiores produtores de cocaína do mundo – Colômbia, Peru e Bolívia – e que efetivo da PF nessa área não chega a mil homens. Com isso, segundo ele, é quase impossível evitar a entrada de droga no Brasil.

“O problema é gravíssimo. A droga encontra na Amazônia estados muitos pobres como o meu [Acre], pessoas que têm muita dificuldade de acesso a bens de consumo e a lazer e muitos desempregados. Então a droga tem um campo fértil para se alastrar”, afirmou Bittar. Ele e os deputados Padre Ton (PT-RO) e Antônia Lúcia (PSC-AC) sugeriram o debate na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Rural.

Segundo Bittar, o tráfico de cocaína continua a ser o principal problema a ser combatido nas fronteiras. Para ele, o óxi (constituído 80% por cocaína) não representa uma nova espécie de entorpecente.

Polícia
O delegado da Polícia Federal Oslain Campos Santana afirmou, na audiência, que a corporação vai priorizar as regiões de fronteira no combate ao tráfico de drogas. Para isso, destacou, será necessário ampliar a cooperação com órgãos nacionais e internacionais.

Santana informou que entre 60% e 70% da cocaína que chega ao Brasil vêm da Bolívia e do Peru – a maior parte entra pela Região Centro-Oeste. Segundo ele, o maior fluxo de consumo desse tóxico está nas regiões Sul e Sudeste, devido ao maior poder aquisitivo.

“Droga é um negócio. E para onde você vai direcionar um negócio? Para onde você tem um maior mercado consumidor e pessoas que possam adquirir aquele produto que você está vendendo”, disse.

O delegado disse ainda que a PF confisca de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões, por ano, dos narcotraficantes. Em 2010, foram destruídos mais de 1,7 milhão de plantações de maconha no País.

Óxi
Durante a audiência, o perito criminal federal Adriano Otávio Maldener também afirmou que o óxi – mais forte que o crack e com preço mais acessível – não é uma nova droga no mercado. “O que existe é uma apresentação clássica da cocaína”, disse.

Segundo ele, a versão de que existe uma quantidade muito grande de cal e querosene no óxi não é verdadeira. Segundo análise da Polícia Federal, disse, o querosene não chega a 1% do óxi.

Reportagem - Oscar Telles
Edição – Daniella Cronemberger

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