Endocrinologista defende esclarecimento aos pais
29/09/2010 - 10:12
Na avaliação da presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a endocrinologista Rosana Radominski, os dados sobre obesidade, principalmente na infância e na adolescência, indicam a necessidade da adoção de políticas públicas estruturadas. Para ela, há necessidade de uma intervenção global principalmente para esclarecer os pais sobre a importância de oferecerem aos filhos uma alimentação saudável e de ficarem atentos ao excesso de peso.
"Os pais procuram atendimento quando o filho não come. No entanto, o fato de a criança estar mais gordinha não preocupa, tanto que apenas 20% dos pais com filhos acima do peso pedem orientação aos pediatras", afirma a médica. Rosana adverte que a avaliação do estado nutricional de crianças e adolescentes deve ser feito pelo médico, uma vez que não há um corte preciso sobre o ponto em que há excesso de peso ou mesmo obesidade. "Os valores variam de acordo com o sexo e a idade. O IMC não pode ser aplicado diretamente", alerta.
Para ela, o Estado deveria atuar com melhorias no atendimento pré-natal, para que a gestante não engorde demais, promover mais políticas que incentivem a prática de esportes, interferir na alimentação oferecidas nas escolas, além da capacitação de profissionais de saúde para ficarem atentos à questão.
Segundo o Ministério da Saúde, a obesidade já é encarada como uma questão de saúde pública, uma vez que já afeta cerca de metade da população adulta, e o problema vem crescendo principalmente entre crianças e adolescentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) trata a obesidade como uma epidemia mundial.
De acordo com o Ministério da Saúde, o monitoramento do estado nutricional da população é feito por meio do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) e da a realização de pesquisas periódicas sobre o tema. Entre outras ações, em 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a Resolução 24, que regula a propaganda de produtos alimentícios com excesso de sal, açúcar e gordura saturada ou gordura trans. Em 2006, foi publicada portaria interministerial que instituiu as diretrizes para a promoção da alimentação saudável nas escolas.
Riscos à saúde
O excesso de peso em todas as idades, inclusive na infância e na adolescência, está associada a riscos à saúde, como complicações metabólicas, aumento da pressão arterial, dos níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue e resistência à insulina. Estima-se que, em países desenvolvidos, o excesso de peso seja responsável diretamente por 2 a 6% dos custos totais da atenção à saúde em vários países em desenvolvimento.
Além de representar mais gastos para a saúde, a obesidade cada vez mais precoce está antecipando doenças como diabetes, hipertensão arterial e problemas circulatórios, o que compromete diretamente a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos.
Reportagem - Rachel Librelon
Edição – Wilson Silveira