Relações exteriores

Especialistas aconselham empresários a ficar atentos ao Oriente Médio

17/10/2012 - 14:50  

Alexandra Martins
Mesa Redonda:
Construção de regimes democráticos é uma das áreas em que Brasil poderá atuar, disse embaixador.

O Brasil deve estar atento à situação política no Oriente Médio se quiser aumentar a presença nacional, inclusive da iniciativa privada, na região. Esta é a análise que fizeram os participantes de mesa-redonda que discutiu, na manhã desta quarta-feira (17), na Câmara, o papel do País naquela parte de mundo. Para eles, os desdobramentos dos conflitos políticos podem determinar o sucesso ou a derrota de uma empresa.

O consultor e estrategista internacional Thiago de Aragão acredita que, no Oriente Médio, a necessidade de entender o momento é um imperativo. Empresários devem estar a par da política brasileira para a região a curto, médio e longo prazos e buscar conhecer os nichos de mercado.

Segundo Aragão, grandes empresas, como Odebrecht e Embraer, conseguem ter uma entrada diferenciada no Oriente Médio e acesso aos líderes políticos, por serem estratégicas para o desenvolvimento de um país. No entanto, as menores dependem da atuação do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “Elas devem buscar no Brasil uma articulação prévia para poder agir na região”, explicou.

O representante brasileiro para os assuntos do Oriente Médio, embaixador Cesário Melantonio Neto, reforçou que o Brasil está empenhado em aumentar a presença das empresas brasileiras no Oriente Médio. Segundo ele, a chamada Primavera Árabe (onda de revoluções contra governos autoritários no mundo árabe e no norte da África que tiveram início no fim de 2010) pode abrir novas áreas de cooperação para o Brasil.

“A construção de instituições nos regimes mais democráticos e a cooperação eleitoral serão novas áreas nas novas democracias do Oriente Médio”, observou. Melantonio, que cumpriu missão pelo Itamaraty no Egito, lembrou que cresceu o comércio entre Brasil e o país árabe no ano passado, mesmo após a queda do regime do ditador Hosni Mubarak, em 2011.

Melantonio ressaltou ainda que, nos últimos oito anos, o Brasil estreitou relações com os quatro principais países da região – Egito, Turquia, Arábia Saudita e Irã. Além do comércio, cresceu o fluxo de turistas nos dois sentidos e existem hoje voos diários ligando o Brasil a grandes cidades, como Istambul, na Turquia.

O Brasil também pleiteia a designação de um representante na Organização de Cooperação Islâmica, que concentra 57 países. “Isso está ainda em processo e pode ampliar a cooperação. Nas próximas semanas, vamos ter uma definição”, adiantou o embaixador.

Soluções pacíficas
A mesa-redonda foi promovida pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, a pedido da presidente do colegiado, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC). Durante a reunião, ela lembrou que o Brasil tem marcado a sua atuação no cenário internacional pela defesa da solução pacífica dos conflitos e pelo respeito à diversidade cultural, ética e religiosa que caracterizam as diferentes regiões do mundo.

Nesta semana mesmo, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, foi ao Oriente oferecendo ajuda do Brasil para mediar a paz. “A Comissão de Relações Exteriores, atenta a isso, quer reunir subsídios sobre como o País pode atuar de forma concreta”, acrescentou Perpétua.

A mesa-redonda continua nesta tarde no plenário 3, quando será discutida a responsabilidade dos meios de comunicação em relação ao tema.

Reportagem- Noéli Nobre
Edição- Mariana Monteiro

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