Política e Administração Pública

Papel usado em propaganda eleitoral daria para fazer 20 milhões de livros, diz juiz

A conta foi feita pelo juiz auxiliar do TSE Paulo de Tarso Tamburini, para medir o impacto das eleições no meio ambiente. Segundo ele, até o primeiro turno, as campanhas gastaram 54 milhões de litros de combustível.

26/10/2012 - 10:47  

Marcelo Camargo/ABr
Lixo eleitoral
O lixo eleitoral se acumula pelas ruas de São Paulo, no dia do primeiro turno.

Você tem ideia de quanto lixo uma eleição produz? Quanto se gasta com a propaganda eleitoral impressa? Pois um juiz auxiliar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fez as contas. E chegou a uma conclusão: a propaganda eleitoral é cara e agride o meio ambiente. Só com combustível, até o primeiro turno das eleições, foram gastos 54 milhões de litros, o que significa quase 40 toneladas de gás carbônico a mais na atmosfera.

E não é só. Nos quase três meses de propaganda eleitoral nas cidades, partidos e candidatos investiram alto em propaganda eleitoral impressa. Até a segunda parcial de contas apresentada ao TSE, mais de R$ 300 milhões haviam sido gastos só com papel e publicidade em jornais e revistas.

O juiz auxiliar da presidência do TSE, Paulo de Tarso Tamburini, explica que isso equivale a mais de 20 milhões de livros ou cadernos que poderiam ser feitos ou a mais de 20 bilhões de folhas tamanho A4. Ou ainda 417 mil árvores cortadas.

Sujeira nas cidades
Após a campanha, a propaganda eleitoral impressa é jogada no lixo ou nas ruas. Esse é um dos principais problemas que se vê no período eleitoral: a sujeira nas cidades. Os números são de assustar: só no dia do primeiro turno, foram coletadas na cidade do Rio de Janeiro 324 toneladas de lixo eleitoral (30 toneladas a mais em relação ao mesmo período de 2008).

Esse problema não é uma exclusividade das capitais. O município de Novo Gama, em Goiás, a 40 km de Brasília, teve eleição para prefeito e dez vereadores. A propaganda eleitoral no dia da votação deu trabalho para a limpeza pública, segundo o secretário de Obras de Novo Gama, Alessandro Barreiros. “O aumento foi muito grande, cerca de 500% ou mais. A nossa equipe diária de varrição é muito pequena. Diante do volume muito grande de material de campanha, nós tivemos que deslocar pessoas de outros setores para fazer essa varrição.”

Arquivo/ Diogo Xavier
Sarney Filho
Sarney Filho critica falta de compromisso dos partidos em relação à limpeza das cidades.

Compromisso partidário
O líder do PV na Câmara, deputado Sarney Filho (MA), lamenta que não haja compromisso dos demais partidos com a limpeza das cidades e com o meio ambiente. Ele afirma que o PV fez com que os candidatos do partido a cargo majoritário assumissem o compromisso de governo e de campanha de usar material reciclável, de não jogar papel na rua e de não distribuir os chamados “santinhos”. Ele acredita que a maior parte dos candidatos do PV cumpriu esse acordo.

Sarney Filho defende uma mudança na legislação que evite cenas como as que ele viu em São Luís, capital do Maranhão. “No dia da eleição, tinha locais em que você não via o chão, de tanto papel, de tanto santinho.”

Para o presidente da Subcomissão de Resíduos Sólidos da Câmara e da Frente Parlamentar da Reciclagem, deputado Adrian (PMDB-RJ), falta fiscalização e punição para os partidos e candidatos. O deputado afirma que o País precisa evitar que o lixo eleitoral aumente e que as cidades fiquem mais sujas a cada eleição. “Nós temos que ter uma eleição limpa.”

Conscientização
O juiz eleitoral Paulo de Tarso Tamburini espera que o estudo sobre o impacto ambiental da propaganda eleitoral ajude os partidos e candidatos a mudar a forma de fazer a propaganda eleitoral no Brasil. “Esse é o nosso objetivo, fornecer dados concretos e estatísticos para que se reflita como se pode alterar a propaganda eleitoral ou como se pode tratar a propaganda eleitoral de maneira que esse impacto ambiental seja diminuído.”

Reportagem – Claudia Brasil/TV Câmara
Edição – Pierre Triboli

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