Política e Administração Pública

Deputados divergem sobre julgamento de João Paulo Cunha

Oposição considera que tese do caixa dois caiu por terra. Partidos da base argumentam que votos de ministros ainda podem mudar.

29/08/2012 - 22:41  

Parlamentares repercutiram nesta quarta-feira (29) a condenação do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Para deputados de oposição, a condenação mostra que a tese do caixa dois, defendida pelos petistas, caiu por terra. João Paulo Cunha está entre os cinco réus no primeiro dos oito capítulos do processo sobre o esquema conhecido como mensalão (Ação Penal 470), por desvio de recursos públicos da Câmara e do Banco do Brasil.

O líder da Minoria na Câmara, deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), afirmou que caiu também a tese de que não houve desvio de recursos públicos no chamado mensalão. O tucano ressaltou que o suposto esquema de corrupção foi irrigado com verbas do Banco do Brasil por meio da empresa de cartões de crédito Visanet.

Defesa
O advogado de João Paulo Cunha, Alberto Torón, afirmou que vai entrar com recursos para questionar o que considera uma mudança de rumos na análise dos fatos apresentados. Ele argumentou que a acusação seria a de que o deputado teria favorecido a empresa, o que não teria sido provado. "A defesa continua insistindo na inocência do deputado João Paulo Cunha. A acusação sempre sustentou que o deputado João Paulo Cunha recebeu os R$ 50 mil para favorecer a SMP&B. Agora os juízes abandonam essa acusação para dizer: não precisa favorecer."

Mendes Thame comemorou o voto dos ministros que desconsideraram a necessidade do chamado ato de ofício. “O fato mais importante dos votos da ministra Rosa Weber e do ministro Luiz Fux foi considerar que não é preciso o ato de ofício, a retribuição do agente público para quem o corrompeu. Na votação, ficou claro que não há necessidade da correspondência do agente público.”

Mudança de votos
Já o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) esperava que João Paulo Cunha fosse absolvido. Ele lembra que os ministros do STF ainda podem mudar seus votos. “Estamos observando, não terminou ainda o processo de votação. É comum, no Supremo, ministros mudarem o voto. Eu tenho convicção de que João Paulo não cometeu esses crimes de que está sendo acusado. O processo só termina quando a pena é publicada. Vamos aguardar.” Vaccarezza acrescentou que "muita água ainda vai rolar" até o final do julgamento no Supremo Tribunal Federal.

Em discurso feito no Plenário, o deputado Zé Geraldo (PT-PA) solidarizou-se com João Paulo Cunha. Para ele, o Supremo, ao condená-lo, está cometendo "uma grande injustiça e também uma grande covardia". Zé Geraldo ressaltou que o ex-presidente da Câmara "é uma pessoa idônea e não deveria estar passando por isso". A quantia de R$ 50 mil recebida pelo deputado, opinou, se refere a financiamento de campanha, "e não se compara aos gastos das campanhas atuais, realizados de maneira muito pior".

Também em Plenário, o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) afirmou que "o Supremo está dando uma lição ao País". Ao ressaltar a decisão de seis ministros pela condenação dos primeiros réus, o parlamentar avaliou que os magistrados estão entrando para a história do Judiciário brasileiro. Ele destacou ainda a independência dos trabalhos no STF, que, em sua avaliação, não cedeu a pressões partidárias ou ideológicas. O parlamentar ressaltou que, a partir do julgamento dessa ação, não haverá para as novas gerações o sentimento de impunidade.

Da Reportagem
Edição – Regina Céli Assumpção

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