Política e Administração Pública

Cavendish utiliza direito de ficar calado e é dispensado de CPMI

29/08/2012 - 21:43  

Antonio Augusto
Fernando Cavendish (ex-presidente da empreiteira Delta)
Cavendish disse que responderá "em momento oportuno" sobre declaração de que é possível comprar um senador por R$ 6 milhões.

O ex-presidente da empreiteira Delta Fernando Cavendish utilizou o habeas corpus obtido por ele no Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer em silêncio na reunião desta quarta-feira (29) da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira. O presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), chegou a propor a Cavendish a realização de um encontro a portas fechadas, mas o empresário negou.

Antes de Cavendish ser dispensado da reunião, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) pediu que ele explicasse a afirmação de que “com R$ 6 milhões é possível comprar um senador e que, com R$ 30 milhões, você é convidado para muitas coisas”. A declaração teria sido feita em dezembro de 2009 pelo ex-presidente da Delta em conversa com os empresários José Augusto Quintella e Romênio Marcelino, gravada por eles e divulgada pela imprensa neste ano. Quintella e Marcelino são ex-sócios de Cavendish.

“Quero saber quem foi o parlamentar ou que senador o senhor comprou por R$ 6 milhões”, indagou Dias. Cavendish disse apenas que “esse assunto, no momento oportuno, eu responderei”.

Alvaro Dias informou que impetrou um requerimento na Justiça do Rio de Janeiro contra o ex-presidente da Delta para que ele explique a declaração perante um juiz. O senador criticou o fato de a Justiça ainda não ter intimidado Cavendish sob o argumento de que não fora encontrado. “Se quisessem encontrá-lo, poderiam ter vindo aqui hoje”, comentou.

Convocação
A convocação como testemunha do empresário que elevou a Delta ao patamar de uma das principais construtoras do País, maior detentora de contratos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em vários estados, foi pedida em 11 requerimentos assinados por 14 parlamentares.

Investigações da Polícia Federal apontam que a Delta repassou dinheiro para empresas de fachada ligadas ao contraventor Carlinhos Cachoeira, supostamente usado para pagamento de propina e caixa dois em campanhas. O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), já afirmou ter convicção de que Cavendish é vinculado ao suposto esquema criminoso.

Cavendish deixou o comando da empreiteira em abril deste ano, após a revelação de ligação entre Cachoeira e Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta na região Centro-Oeste.

Reportagem - Tiago Miranda
Edição - Marcelo Oliveira

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