Política e Administração Pública

Corregedoria recomenda processo contra Leréia e inocenta Otoni e Sandes Júnior

Deputados foram denunciados por supostos envolvimentos com o contraventor Carlinhos Cachoeira.

11/07/2012 - 18:31  

Leonardo Prado
Divulgação dos pareceres sobre processos de deputados envolvidos no Caso Cachoeira. Dep. Vicente Cândido (PT-SP), dep. Eduardo da Fonte (PP-PE), dep. Jerônimo Goergen (PP-RS), dep. Evandro Milhomen (PCdoB-AP), dep. Maurício Quintela Lessa (PR-AL)
Comissão de sindicância: há indícios de uma relação muito próxima entre Leréia e Cachoeira.

A comissão de sindicância da Corregedoria Parlamentar recomendou, nesta quarta-feira, a abertura de processo por quebra de decoro contra o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Segundo o relator da representação, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), há indícios de uma relação muito próxima entre Leréia e o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que estava tentando exercer influência no governo de Goiás por meio do deputado.

O relator disse que ainda não poderia dar maiores detalhes do processo porque ele continuará secreto até que a Mesa Diretora da Câmara avalie se fará a denúncia formal contra o deputado no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
Veja a defesa do deputado Carlos Alberto Leréia.

Inocentados
Na mesma reunião, em outra decisão, a comissão de sindicância resolveu arquivar as denúncias contra os deputados Rubens Otoni (PT-GO) e Sandes Júnior (PP-GO). “Poderíamos mandar os casos para o Conselho de Ética, mas a própria Policia Federal [PF] não encontrou indícios do envolvimento dos deputados”, ressaltou Jerônimo Goergen.
Veja a defesa do deputado Rubens Otoni.
Veja a defesa do deputado Sandes Júnior.

O corregedor da Câmara, deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), disse que, se somente houver fatos novos, esses deputados poderão ser novamente investigados pela Corregedoria. Segundo ele, os relatórios que inocentaram Sandes Júnior e Rubens Otoni se basearam nas escutas telefônicas que estão em posse da CPMI do Cachoeira e nos depoimentos dos delegados da PF naquele colegiado.

Caso a caso
Na avaliação de Goergen, há bastante diferença entre os casos. Apesar de os três deputados terem sido citados nas gravações das operações Vegas e Monte Carlo da PF, os delegados que cuidam do caso negaram que tenham encontrado indícios contra dois deles.

O deputado Leréia admitiu ser amigo pessoal de Cachoeira, mas, segundo Goergen, as relações também são políticas e de negócios. Além de possivelmente serem sócios, o contraventor tentou usar a influência do deputado junto ao governo de Goiás, comandado pelo PSDB, para derrubar dirigentes da polícia e obter favorecimento em contratos.

Já sobre Rubens Ottoni, Goergen disse que as acusações são de 2004, e mesmo a gravação divulgada recentemente em que ele e Cachoeira negociam valores para a campanha do deputado não foi definitiva para condená-lo. “Estão vendo que Cachoeira gravava todo mundo, e isso não quer dizer que o deputado esteja envolvido no esquema de corrupção”, disse.

Sobre Sandes Júnior, nem mesmo uma gravação foi encontrada. “Se nem a polícia encontrou provas, nós não podemos fazer esse julgamento político, que seria como uma condenação”, Goergen.

Mesa Diretora
A recomendação da Corregedoria deve ser encaminhada à Mesa Diretora da Câmara, que decide se encaminha ou não processos de cassação contra os três deputados. Geralmente essa decisão é apenas formal, mas pode demorar, porque não há reuniões da Mesa marcadas para antes do recesso.

Como frisou o próprio corregedor, nada impede que, mesmo após a sindicância, partidos políticos façam denúncias contra os mesmos deputados diretamente ao Conselho de Ética. Nesse caso, seriam abertos processos independentemente da decisão das sindicâncias.

Reportagem - Marcello Larcher
Edição - Newton Araújo

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