Política e Administração Pública

Líderes avaliam decisão da Comissão de Ética da Presidência de pedir saída de Lupi

30/11/2011 - 22:19  

A Comissão de Ética da Presidência da República recomendou à presidente Dilma Rousseff a exoneração de Carlos Lupi do cargo de Ministro do Trabalho e Emprego. A decisão, tomada nesta quarta-feira, inclui ainda uma advertência ao ministro, e foi unânime entre os seis conselheiros que participaram da última reunião do grupo em 2011.

Para o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), a recomendação desgasta ainda mais o governo e reforça a necessidade de investigação das denúncias em torno de Lupi – no último dia 16, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara aprovou a convocação do ministro para prestar esclarecimentos sobre as denúncias, em data ainda a ser definida.

"A que ponto nós chegamos, onde a República brasileira vê num primeiro ano de governo o sexto ministro demitido – ele vai ser demitido – por corrupção. As denúncias são graves e não são apuradas. Se o governo tivesse mandado apurar no início, com o ministro licenciado, estaria dando isenção pra apuração. Se o ministro não queria sair, a presidente da República teria que tê-lo afastado e mandado apurar. Até porque não voltaria mais ao cargo, e não teria dado tanto desgaste ao governo como está dando agora", afirmou Bueno.

Já o líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), defendeu a postura da presidente Dilma diante das denúncias envolvendo ministros. "Eu creio que a presidente Dilma tenha agido até agora com o máximo rigor, com tranquilidade, e vá agir dessa maneira também neste caso. Eu creio que ela terá uma postura muito equilibrada, como teve nos demais. É muito cedo pra fazer um juízo de valor, e ao mesmo tempo eu evito fazer juízo de valor quando se trata de ministros que são subordinados à Presidência da República, a quem compete fazer avaliação de seus próprios ministros", destacou.

Convênios e viagem
Reportagens publicadas pela imprensa nas últimas semanas denunciaram um suposto esquema de cobrança de propina em convênios para a realização de cursos de capacitação profissional. Carlos Lupi também foi questionado sobre uma viagem feita em um avião privado pelo interior do Maranhão, que teria sido alugado pelo presidente de uma rede de organizações não governamentais que, meses depois, ganhou um contrato para atender a projetos do Ministério do Trabalho.

De acordo com o presidente da Comissão de Ética da Presidência da República, Sepúlveda Pertence, não houve um fato específico que motivou a recomendação. Mas ele destacou que as explicações apresentadas pelo ministro sobre as denúncias não foram convincentes. A assessoria do Ministério do Trabalho informou que o ministro só irá se manifestar quando tomar conhecimento do teor da decisão.

Reportagem – Mônica Montenegro/Rádio Câmara
Edição – Marcos Rossi

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