Especialista diz que projeções para bancadas são "chutes"
17/09/2010 - 16:32
As previsões de bancadas partidárias não são consenso entre os cientistas políticos. Para o pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Jairo Nicolau, por exemplo, as projeções "não têm nenhuma base técnica e não passam de chutes com bom senso".
Uma comparação entre as projeções feitas em 2006 e o resultado das eleições para a Câmara no mesmo ano apontam que a confirmação das previsões não é regra. Entre as 15 projeções de 2006 da Arko Advice, por exemplo, 10 estavam corretas.
Já no caso do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), sete entre 15 previsões confirmaram-se. Confira no quadro comparativo abaixo da matéria.
Votos não ideológicos
Segundo Jairo Nicolau, os eleitores costumam escolher seus candidatos por suas características pessoais, não por seus partidos, o que acaba impedindo uma previsão mais clara sobre aumento ou diminuição das bancadas na Câmara.
"No Brasil, alguém pode votar na Dilma para presidente, por exemplo, e em algum candidato a deputado da oposição porque é da sua igreja. O que conta nessa hora é a religião, a classe econômica ou a região de origem, muito mais que o partido, na grande maioria das vezes. Isso torna imprevisível a dinâmica das bancadas na Câmara", argumenta.
Além disso, segundo ele, a dificuldade em se antever os votos de legenda - destinados a um partido, e não a um candidato específico - impede projeções mais exatas para o tamanho das bancadas.
Nem o resultado das eleições anteriores pode demonstrar uma tendência de votos para a Câmara, de acordo com o cientista político: "A associação com outras eleições pode ser comprovada em alguns estados, mas não em outros. É quase impossível ter precisão nesse tipo de análise".
Reportagem - Carolina Pompeu
Edição - Newton Araújo