Meio ambiente e energia

Empresários apresentam na Câmara ideias para o desenvolvimento sustentável

Técnicas sustentáveis poderiam evitar o desabastecimento de águas nas cidades e garantir o isolamento térmico evitando o uso de ar-condicionado em casas e apartamentos.

15/06/2012 - 13:30  

O engenheiro agrônomo João Manuel Linck Feijó demonstrou nesta sexta-feira, durante palestra do ciclo “Sustentabilidade na Prática - Ideias Inovadoras”, algumas das técnicas sustentáveis que já vêm sendo aplicadas no País pela construção civil para amenizar problemas enfrentados em grandes centros urbanos, como a falta d'água. O evento é promovido pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e pelo EcoCâmara, e faz parte das discussões em torno de um modelo de desenvolvimento econômico baseado no uso eficiente de recursos naturais e na inclusão social, temas da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável deste ano, a Rio+20.

Feijó é proprietário de uma empresa que desenvolve telhados ecológicos e trabalha com a tese de que, para resolver deficiências de acesso à água em áreas urbanas, é preciso criar sistemas capazes de reter o máximo de água pluvial nos lugares em que o recurso será usado.

Ele citou o exemplo do sistema laminar, que é instalado na cobertura de prédios com o objetivo de criar um reservatório de água. “Esse sistema cria uma lâmina de água de 18 a 20 cm sobre o prédio; essa água serve para irrigar um jardim colocado no local e para abastecer os apartamentos”, explicou Feijó, acrescentando que o sistema permite o tratamento das águas servidas (pias e chuveiros) para serem reaproveitadas.

O engenheiro disse ainda que a associação de alguns sistemas desenvolvidos pela empresa poderia, por exemplo, evitar o uso de aparelhos de ar-condicionado em cidades como Brasília. “Certamente se nós tivéssemos os prédios em Brasília cobertos com telhado verde e com o devido tratamento vegetal nas fachadas, nós não necessitaríamos - e isso já foi comprovado por simulações feitas por computador - ter condicionadores de ar para mantermos uma temperatura confortável”, sustentou.

Bambu
O sócio-diretor da Bioestrutura Engenharia Ltda., Frederico Rosalino, defendeu as vantagens ambientais do uso do bambu na construção civil. Segundo ele, além do baixo custo e da capacidade de brotar sem a necessidade de replantio o bambu tem propriedades importantes, como raízes rasas que protegem a estrutura do solo, evitando a erosão.

“A planta também merece destaque por ser a que mais sequestra carbono na natureza e por conferir características sismo-resistentes às construções, ou seja, resistentes a terremotos”, afirmou ele, ao lembrar que algumas estruturas da Rio+20, como a que serve de sede para a Cúpula dos Povos, foram montadas com bambu.

De acordo com Rosalino, quase 2 milhões de construções em todo o mundo já utilizam bambu em suas estruturas. O engenheiro, no entanto, afirmou que o Brasil precisa avançar em programas que incentivem a cultura do bambu. Ele destacou a aprovação, em 2011, da Lei 12.848, que já prevê alguns incentivos, mas que ainda depende de regulamentação.

“Precisamos plantar mais, promover o melhoramento da planta, capacitar mão de obra e desenvolver equipamentos específicos para favorecer o uso do bambu”, defendeu.

Rosalino disse ainda que técnicas atuais de processamento da planta já tornam possível produzir laminados, como ocorre com as madeiras, assim como seu aproveitamento em pisos e revestimentos.

Reportagem - Murilo Souza
Edição - Natalia Doederlein

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