Meio ambiente e energia

Parlamentares cobram uso racional de recursos hídricos

Câmara realiza sessão em homenagem ao Dia Mundial da Água (22 de março).

21/03/2011 - 15:48  

Elton Bomfim
(E/D) Horácio Fiqueiredo (rep. ANA), Dep. Izalci (PR-DF), Vinicius Fuzeira de Sá e Benevides (Diretor ANDASA), Amábile Pacios
Parlamentares e convidados destacaram a poluição e desastres naturais como consequências do uso indevido da água.

Deputados defenderam nesta segunda-feira (21) a necessidade urgente de repensar o uso racional dos recursos hídricos como forma de garantir a continuidade da vida no planeta. Em sessão solene que celebrou o Dia Mundial da Água – comemorado oficialmente amanhã, 22 de março –, eles chamaram atenção para os principais problemas que o mau uso desse recurso pode causar, entre os quais fome e sede, decorrentes de uma escassez prolongada, e até possíveis guerras por disputas pela água como fonte de energia e para uso na agricultura.

Autor do requerimento para a realização da sessão, o deputado Izalci (PR-DF) ressaltou que o homem, mesmo sabendo que a água é imprescindível para a vida e existe em quantidade limitada, continua gastando em demasia e contaminando mananciais. “A ação do homem é excessivamente perigosa, sobretudo porque ocorre em proporções gigantescas nas grandes cidades, onde consumimos muita energia, produzimos muita poluição e acumulamos muito lixo”, disse Izalci.

Ele lembrou que desde 1995 o Banco Mundial já alertava para a hipótese de conflitos internacionais ligados a disputas por água, e não mais por petróleo ou questões geopolíticas. “Hoje, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), já contabilizamos 250 milhões de pessoas em 26 países sofrendo por causa da escassez crônica de água”, afirmou. Segundo Izalci, apesar de o Brasil possuir cerca de 20% de toda a água potável do planeta a distribuição do recurso não se dá de maneira uniforme em todo o território, o que, segundo ele, caracteriza um problema de gestão.

Gestão integrada das bacias
Também apontando deficiências no uso racional da água, o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) observou que quase 80% dos recursos hídricos brasileiros estão concentrados nas bacias dos rios Amazonas, Araguaia-Tocantins, São Francisco, Paraná e Paranapanema. “É por isso que em nove regiões metropolitanas o Brasil vive no fio da navalha, torcendo para que não falte água na época das chuvas para não haver escassez durante o período de estiagem”, destacou o deputado, ao defender a gestão integrada das bacias.

Saneamento Básico
No entanto, Mendes Thame afirmou que a escassez de água não é o único problema. Para ele, a falta de saneamento básico, que acaba contaminando manaciais, é uma questão tão grave quanto a própria escassez. “Hoje, 85% do esgoto doméstico brasileiro ainda são jogados nos rios, lagos e mares, sem tratamento. Não se trata, portanto, apenas de uma questão ambiental, e sim de saúde pública”, afirmou o deputado, destacando dados da Universidade Federal do Rio de Janeiro que mostram que cerca de 68% dos leitos de hospitais estão ocupados por pessoas que contraíram doenças transmitidas pela água.

Desastres naturais
O deputado João Maia (PR-RN) afirmou que outros problemas relacionados à má gestão decorrem do assoreamento dos rios e de construções em áreas consideradas de risco, que acabam transformando a água em fonte de tragédias. “Não me refiro aqui a tragédias como a do Japão, onde nada se podia fazer, mas às ocorridas na região serrana do Rio de Janeiro, em Recife, em Alagoas, no Paraná e em Minas Gerais, regiões onde a chuva, que deveria ser bem-vinda, acabou provocando enchentes, desabamentos e mortes”, observou.

Reportagem – Murilo Souza
Edição – Regina Céli Assumpção

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