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Especialistas defendem diagnóstico precoce e tratamento pelo SUS para disléxico

22/10/2013 - 22:25  

Alexandra Martins / Câmara dos Deputados
Audiência pública para debater a educação da pessoa com Dislexia e TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Dep. Mara Gabrilli (PSDB-SP)
Mara Gabrilli: assuntos ligados à educação inclusiva têm de ser discutidos permanentemente.

Especialistas defenderam nesta terça-feira, na Câmara dos Deputados, o diagnóstico precoce para garantir qualidade de vida de criança disléxica ou com déficit de atenção. A Comissão de Educação realizou audiência pública para ouvir avaliar as dificuldades de aprendizado.

A dislexia é a dificuldade de compreensão de textos escritos. Já o déficit de atenção faz com que o aluno não consiga se concentrar o suficiente para aprender. Nos dois casos, o professor neuropediatra da Faculdade de Medicina do ABC Rubens Wajsztejn, explicou que o diagnóstico precoce é fundamental para garantir qualidade de vida para a criança.

Equipe multidisciplinar
Na opinião do neuropediatra, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve oferecer diagnóstico e tratamento com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar com médicos, psicólogos e fonoaudiólogos. "É fundamental a Câmara dar uma resposta a esse apelo da sociedade principalmente para aqueles indivíduos que frequentam a escola pública e não podem dispor de dinheiro para tratamentos especializados."

A Faculdade de Medicina do ABC possui três equipes para atendimento de pacientes com transtornos de desenvolvimento. Uma equipe multidisciplinar faz a avaliação. Detectado algum problema, a equipe de intervenção começa o tratamento. Ainda há uma terceira equipe - a equipe volante - que atende escolas públicas nas três cidades que compõem o ABC: Santo André, São Bernardo e São Caetano do Sul.

Tratamento clínico
Nem todos, porém, concordam que os transtornos de aprendizado tenham que ser tratados de forma clínica.
Para Teresa Rachael Rodrigues, que é representante do Fórum Medicalização da Educação e da Sociedade, o sistema educacional não é flexível para atender às necessidades das crianças. Ela ressaltou que há referência em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil, de escolas que têm uma forma diferente de funcionar. “Lá não entram nem a palavra TDAH [Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade], nem dislexia em função de a metodologia da escola não ser causadora desse tipo de discussão, ou seja, de a criança não estar adequada. Na verdade pode se pensar que é o sistema que não está adequado, mas é mais fácil medicar a criança e silenciá-la."

Educação inclusiva
Para a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SS), que propôs o debate, assuntos ligados à educação inclusiva têm de ser discutidos permanentemente para que a sociedade saiba mais sobre os problemas e possa procurar seus direitos. "A gente quer que as pessoas que tenham transtornos de déficit de atenção com hiperatividade ou dislexia ou qualquer outro transtorno de aprendizagem não sejam discriminadas. Eu acredito que todo aluno tem capacidade de aprender. A gente precisa aprender como ensinar e é isso que muitas vezes falta."

A Comissão de Educação já aprovou o projeto (PL7081/10) que obriga o poder público a manter programa de acompanhamento integral para estudantes com transtornos de aprendizado.

O acompanhamento integral previsto no projeto compreende identificação precoce, encaminhamento para diagnóstico, apoio educacional na rede de ensino e apoio terapêutico especializado na rede de saúde. A proposta agora está sendo analisada pela Comissão de Finanças e Tributação.

Reportagem - Karla Alessandra
Edição – Regina Céli Assumpção

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