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Laboratório de informática de escola no DF tem uso esporádico

Colégio atendido pelo Programa Banda Larga nas Escolas não tem aula de informática nem profissional responsável pelo laboratório, que fica praticamente ocioso.

28/03/2011 - 17:23  

Luiz Alves
Escola Classe Paranoá - Banda Larga
O professor Ivanildo Luiz da Silva (D) é um dos poucos a utilizar a internet, para manter um blog da escola.

A falta de um profissional para cuidar exclusivamente do laboratório de informática faz com que o uso de 35 computadores com conexão à internet de banda larga seja esporádico no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 02, no Paranoá. O estabelecimento é uma das 494 escolas públicas do Distrito Federal atendidas pelo Programa Banda Larga nas Escolas, que já conectou à internet de alta velocidade 57,5 mil escolas públicas urbanas.

Segundo a diretora da escola, Michele Nacfur, o uso do laboratório tem sido “tímido”. A escola – que atende 1.800 alunos, incluindo estudantes de 5ª à 8ª série no período diurno e estudantes do 3º segmento (os três anos do ensino médio conjugados em um só) no período noturno – não oferece aulas exclusivas de informática atualmente. O uso dos computadores depende da disposição dos professores de levar os alunos para utilizá-los durante o período de ensino das disciplinas. Neste ano, isso ainda não ocorreu.

Para Nacfur, o ideal seria que a Secretaria de Educação do Distrito Federal permitisse que uma pessoa da equipe de professores fosse liberada para cuidar exclusivamente no laboratório, o que não é autorizado hoje. Assim, o espaço poderia ser utilizado fora do período de aula. “Precisamos de uma pessoa que saiba fazer, saiba explicar e seja responsável pelo laboratório.”

O coordenador da escola, Pedro Caixeta, explica que o Ministério da Educação sugeriu que os professores fizessem curso para aprender a utilizar de forma adequada os computadores, que vieram com o sistema operacional Linux, que é um software livre. “Tem muitos professores que não gostam, que têm medo”, opina. Ele avalia, porém, que a maior parte dos alunos têm o conhecimento básico de computação e uso da internet. “Apenas os alunos de comunidades muito carentes não têm esse conhecimento”, diz. Quando o laboratório é utilizado, esses alunos são ajudados pelos colegas.

O Ministério da Educação oferece recursos educacionais multimídia no Portal do Professor. Além disso, tem um programa de conscientização sobre a importância do uso de novas tecnologias para atender as secretarias de educação estaduais e municipais. Porém, como a falta de professores é problema estrutural no Brasil, muitas vezes a secretaria não pode liberar um professor exclusivo para cuidar dos laboratórios. E o Programa Banda Larga nas Escolas não prevê profissionais para isso.

Iniciativa pontual
Atualmente, quem mais faz uso do laboratório de informática no CEF 02 é o professor de Educação Física Ivanildo Luiz da Silva, que coordena desde o fim do ano passado um grupo de cinco alunos na elaboração de um blog da escola. “É um espaço para os alunos se comunicarem, que pode ter fotos de festas, passeios, perfis de professores e alunos”, explica. O professor encontra os alunos uma vez por semana no laboratório para discutir a pauta.

Bruno Melo da Silva, da 6ª série, é um desses alunos. Ele afirma que também atualiza o blog do computador de sua casa. A última vez que lembra de ter ido com outro professor ao laboratório foi no ano passado, com o professor de História, que levava os alunos para acessar material de estudo disponibilizado nos computadores. Mas a internet não era utilizada.

ProInfo
O CEF 02 tinha sete computadores com banda larga desde 2009, mas em abril do ano passado recebeu 35 novos computadores pelo Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo), do governo federal, que está sendo conjugado com o Programa Banda Larga nas Escolas e com o Gesac, que conecta as escolas rurais. Um roteador permite a conexão sem fio de todos os computadores, e a sala de professores também é beneficiada pelo acesso à banda larga.

Pedro Caixeta planeja colocar os sete computadores antigos na biblioteca da escola, para uso livre da internet pelos alunos. Para isso, a escola vai contar com a ajuda voluntária de um técnico de informática. Além disso, ele pretende oferecer oficina de informática à tarde, no laboratório, inserindo a escola no programa de Educação Integral do Governo do Distrito Federal. “Hoje o laboratório está meio ocioso, mas podemos usá-lo também para fazer o jornal da escola, por meio desse mesmo programa”, diz o coordenador.

Reportagem – Lara Haje
Edição – Marcos Rossi

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