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Brasília é a capital brasileira com maior incidência de bullying

02/08/2010 - 20:00  

A capital do País foi apontada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) como a campeã de bullying. Em Brasília, 35,6% dos estudantes disseram ter sido vítimas da agressão. Belo Horizonte (35,3%) e Curitiba (35,2%) ocupam segundo e terceiro lugares.

A pesquisa envolveu estudantes do 9º ano do ensino fundamental (antiga 8ª série) de 6.780 escolas públicas ou privadas nas 27 capitais. Em média, 1/3 dos estudantes que participaram da pesquisa disseram ter sido vítimas desse tipo de agressão nos 30 dias anteriores. Além disso, 5,4% disseram ter sofrido bullying várias vezes ao longo de um mês.

Segundo a pesquisa, os meninos são alvos mais comuns (32,6%) do que as meninas (28,3%).

Prevenção à violência
Em Brasília, o maior número de casos ocorreu nas escolas particulares: 35,9%, contra 29,5% nas escolas públicas. Na avaliação da subsecretária de Educação Integral, Cidadania e Direitos Humanos do DF, Ivanna Sant'ana, a pesquisa pode ter duas leituras. Uma delas é que os casos são mais comuns na capital. A outra é que os estudantes de Brasília estão mais preparados para reconhecer e identificar o problema.

Segundo ela, a secretaria atua na prevenção à violência de forma geral, e o trabalho é feito de forma integrada e intersetorial, envolvendo o batalhão escolar, a Polícia Civil e a Secretaria de Saúde. Os 305 conselhos de segurança instalados nas escolas atuam na mediação de conflitos, com o envolvimento de agressores e agredidos.

"O trabalho precisa ser focalizado nas escolas. Mas não acho que se deva institucionalizar a questão simplesmente criando disciplinas na escola. O trabalho precisa ser integrado, inclusive com uma política de educação integral", defende.

Fatia do bolo
Para a socióloga Miriam Abramovay, o bullying é apenas uma fatia de um bolo chamado violência. "O bullying não pode ser visto como fenômeno isolado da violência pública como um todo", afirma Miriam, que é coordenadora de Pesquisas da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla) e coordenadora e professora do curso "Juventude, Diversidade e Convivência Escolar", parceria entre a Ritla e a Secretaria de Educação do DF.

Na avaliação dela, as políticas públicas devem ser focadas no combate à violência no contexto escolar, inclusive no que está do lado de fora, como drogas e armas. A socióloga, no entanto, é contra medidas que criminalizem o bullying, pois entende que o problema se resolve com medidas educativas. "E escola tinha que ser um lugar de diálogo", defende.

Miriam Abramovay lembra que a discussão sobre bullying tem ganhado espaço nos últimos anos, mas o fenômeno não é novo. Ela explica que o bullying é uma forma de violência repetitiva praticada entre os pares, sempre no contexto escolar. "Se um professor agride um aluno ou vice-versa, não se trata de bullying", esclarece.

Reportagem - Rachel Librelon
Edição - Pierre Triboli

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