Economia

Deputados comentam devolução de MP que eleva custos da folha de pagamento

05/03/2015 - 16:45  

Repercutiu na Câmara dos Deputados a iniciativa do presidente do Senado, Renan Calheiros, de devolver ao Planalto a medida provisória (MP 669/15) que aumenta o custo da folha de pagamentos das empresas. Renan justificou o ato afirmando que o governo não pode elevar impostos por meio de medida provisória. A presidente Dilma Rousseff pretende enviar um projeto de lei, com o mesmo teor, para substituir a MP.

Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Grande Expediente - Dep. Arlindo Chinaglia (PT-SP)
Para Chinaglia, baixa arrecadação justifica elevação das alíquotas.

Em pronunciamento na tribuna do Plenário, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) explicou que o objetivo da desoneração da folha de pagamentos feita pelo Executivo em 2011 era estimular a competititvidade, principalmente, do setor exportador. Além disso, ressaltou, o governo esperava manter o nível de emprego e melhorar a arrecadação, com o aumento das vendas para o exterior.

Segundo Chinaglia, as expectativas não se confirmaram nesses três anos e meio. Ele defende que a elevação das alíquotas da folha de pagamentos não vai prejudicar as empresas. “Se não arrecadar mais e gastar menos, o Brasil vai ter de vender títulos da dívida pública, o que pressionará para juros altos. Isso afetaria o consumo das famílias”, argumentou. “Se consomem menos, as empresas e as indústrias também vendem menos. E aí entra-se em um círculo que nós não queremos entrar”, completou.

Projeto de lei

Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Rubens Bueno
Rubens Bueno: sistema tributário não pode ser alterado via medida provisória.

De outro lado, parlamentares da oposição manifestaram apoio à iniciativa do presidente do Senado. O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) observou que o aumento de impostos só pode ser feito por meio de projeto de lei e precisa de um prazo de 90 dias para entrar em vigor. "Não se pode aceitar medida provisória elevando imposto com vigência imediata, tirando as prerrogativas do Congresso.”

O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), também reforçou a tese de que uma medida provisória não pode alterar o sistema tributário. Ele frisou que agora, via projeto de lei, a matéria terá de tramitar pelas comissões permanentes e ser debatida com a sociedade, antes de ir a Plenário. “Foi o governo Dilma que gastou mais do que arrecadou e levou o País a essa situação", opinou.

Crise

Luis Macedo
Deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR)
Kaefer criticou "deboche" do ministro da Fazenda; para o deputado, desonerações contribuíram para a economia.

Por sua vez, o deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR) comentou que o aumento de alíquotas vai prejudicar a economia em um momento de baixa arrecadação e atividade estagnada. Ele criticou a declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de que as desonerações do passado teriam sido uma "brincadeira cara". O parlamentar classificou a fala do ministro de "deboche" porque, na avaliação de Kaefer, a desoneração contribuiu, sim, para a economia nacional.

Já o deputado Afonso Florence (PT-BA), vice-líder do governo, afirmou que todos os setores da sociedade devem se esforçar para que o Brasil saia da crise. De acordo com ele, se os trabalhadores contribuem de alguma forma, os empresários também têm de contribuir.

Reportagem – Idhelene Macedo
Edição – Marcelo Oliveira

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