Economia

Bresser Pereira critica independência do Banco Central

Para ex-ministro da Fazenda, políticas fundamentais ao País, como a de juros e a de câmbio, deveriam ser elaboradas pelo Congresso.

16/12/2009 - 19:16  

Guilherme Alves
Bresser Pereira: idéia de atribuir responsabilidade por políticas fundamentais a técnicos "iluminados" é uma loucura.

O ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira criticou, nesta quarta-feira, a independência do Banco Central, durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública.

Ele destacou que o BC elabora políticas fundamentais para o País - como de juros e de câmbio-, diretamente relacionadas à vida das pessoas, tarefa que, avalia, deve ser entregue aos representantes eleitos pelo povo.

"A ideia de que, em vez disso, eu atribua essa responsabilidade a técnicos iluminados, absolutamente independentes, é uma loucura. A tese da independência do BC é de que os políticos são todos populistas e sem-vergonhas e que os técnicos são todos maravilhosos e incorruptíveis. Não é verdade isso."

O ex-ministro Bresser Pereira também condenou, na audiência, a alta taxa de juros praticada no País. Ele atribui esse comportamento aos fortes interesses dominantes dos rentistas e dos especuladores.

Segundo Bresser, esse cenário não é bom, porque desestimula os investimentos e aumenta a dívida pública todos os anos. "O Brasil gasta uma fortuna em juros, muito mais do que gasta em educação e saúde, o que é uma coisa quase que patética."

Real
A supervalorização do real também foi alvo de críticas. O ex-ministro da Fazenda defendeu uma administração forte do câmbio e classificou o atual modelo de “populismo cambial”.

Bresser explicou que, quando a taxa cambial é alta, a exemplo do que acontece hoje, os salários reais aumentam, as pessoas têm mais chance de comprar mercadorias importadas dentro do País e de fazer viagens ao exterior, porque tudo fica mais barato. "É uma alegria. Só que representa déficit em conta corrente, diminuição em investimentos, menor crescimento do País e crise”, ressaltou.

Prorrogação
A prorrogação dos trabalhos da CPI da Dívida Pública foi aprovada em plenário nesta quarta-feira. Conforme explicou o relator, deputado Pedro Novais (PMDB/MA), a comissão vai funcionar nos meses de fevereiro e março para ouvir convidados já agendados e para a elaboração, discussão e votação do relatório final.

Pedro Novais disse que vai analisar as informações sobre o modo como ocorreu o endividamento brasileiro nos últimos anos e propor medidas para melhorar o controle da dívida daqui para a frente.

Reportagem - Idhelene Macedo/Rádio Câmara/SR

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