Direitos Humanos

Cotistas têm desempenho similar à média geral

20/10/2010 - 17:52  

Adotadas pela primeira vez na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), em 2003, as ações afirmativas já foram avaliadas em algumas instituições. Os resultados conhecidos até agora mostram que praticamente não há distinção entre o rendimento escolar dos estudantes cotistas e dos não-cotistas. Em algumas avaliações, os beneficiados pelas políticas de inclusão apresentam resultados levemente positivos em relação aos demais.

Na própria Uerj, até 2007, os egressos da rede pública apresentaram rendimento médio de 6,56 e os negros, de 6,41. Entre os demais estudantes a média foi de 6,37. Outro levantamento divulgado este ano também mostrou que a aprovação dos beneficiários das ações afirmativas foi de 83,15%, contra 81,2% dos demais alunos da instituição.

Na Universidade de Brasília (UnB), 92,9% dos cotistas foram aprovados desde de 2004, quando a política de cotas raciais foi instituída. O índice para os demais universitários foi de 88,9%. A nota média dos cotistas foi de 3,79, contra 3,57 dos demais – na UnB a nota é de 0 a 5.

Na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e na Universidade Estadual de São Paulo (Unicamp) a história se repete. Na primeira, cotistas tiveram melhor rendimento em 11 dos 16 cursos da instituição e, na Unicamp, em 31 dos 55 cursos.

Segundo o coordenador-executivo da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp, Renato Hyuda de Luna Pedrosa, "candidatos da rede pública, de baixa renda e com menor patrimônio educacional na família tiveram desempenho melhor". A análise também mostra que nenhum estudante beneficiado pelo bônus desistiu do curso ou foi reprovado.

Conflitos raciais
Outro argumento frequente entre os contrários às políticas de ações afirmativas é o possível aumento dos conflitos raciais. Pesquisa do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa da Uerj, no entanto, conclui que, nesses sete anos, os programas criados "não produziram nenhuma tendência de exacerbação do conflito racial ou mesmo de racialização do espaço universitário".

O diretor executivo da Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro), Frei David Raimundo Santos, chega à mesma constatação. "Nas universidades que adotaram políticas de inclusão para negros, nada mudou na relação de tensão ou racialização", afirma.

De acordo com ele, observa-se justamente o contrário. “A integração do Brasil foi ampliada depois da adoção das cotas", diz.

Reportagem - Maria Neves
Edição - Daniella Cronemberger

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