Política e Administração Pública

Minoria pretende questionar todas as MPs que criaram órgãos públicos

Partidos de oposição fazem levantamento das propostas que se enquadram na decisão do Supremo Tribunal Federal que considerou inconstitucional a Lei 11.516/07, que criou o Instituto Chico Mendes.

08/03/2012 - 15:05  

Brizza Cavalcante
Mendes Thame
Mendes Thame: Congresso teria de respeitar regra para tramitação de MPs.

O líder da Minoria na Câmara, deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), disse que pretende questionar no Supremo Tribunal Federal a validade de todas as medidas provisórias que criaram empresas públicas nos últimos anos e que foram aprovadas sem passar pela análise de uma comissão especial mista no Congresso Nacional.

A assessoria jurídica dos partidos de oposição está fazendo um levantamento das MPs convertidas em lei que se enquadram na decisão do STF tomada na quarta-feira (7) que considerou inconstitucional a Lei 11.516/07, que criou o Instituto Chico Mendes.

Segundo o STF, uma comissão mista do Congresso (deputados e senadores) teria que ter sido instalada para analisar a medida provisória que criou a autarquia. O Congresso Nacional terá agora dois anos para aprovar uma nova lei para manter o instituto, sob pena de o órgão ter que ser extinto.

Segundo Mendes Thame, por omissão dos parlamentares, virou prática não constituir a comissão mista para analisar as medidas provisórias. "Nós teríamos que respeitar a lei, e respeitar a lei é ter medida provisória só para urgência e relevância."

Questionamento
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que decisão do STF pode trazer insegurança jurídica por conta do caráter retroativo que atingiu o Instituto Chico Mendes. Segundo Vaccarezza, a decisão se cumpre, mas ele avalia que a determinação poderia valer só daqui para frente.

"Acho temerário. São leis já em vigor. Não teve burla, não houve mudança de rito para alterar o resultado. Essas comissões não foram instaladas porque a praxe era não instalá-las, não 'pegou', é como ter os aspectos de uma lei que não pega", disse.

O STF declarou inconstitucional a lei que criou o Instituto Chico Mendes por entender que a medida provisória que deu origem a ela não respeitou a tramitação legislativa prevista na Constituição, que obriga a análise do texto por uma comissão mista de deputados e senadores. A decisão só vale para o caso específico, mas abre um precedente para outros questionamentos.

Proposta
A Câmara analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 70/11, do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que modifica o rito de tramitação das medidas provisórias. Uma das alterações propostas refere-se à admissibilidade, que pela norma atual deveria ser analisada por uma comissão mista – o que, na prática, não ocorre.

Pela proposta, a admissibilidade vai ser analisada pelas comissões de Constituição e Justiça das duas Casas, nos primeiros dez dias de tramitação em cada uma. O exame de admissibilidade se refere ao cumprimento das exigências constitucionais relacionadas a MPs, entre elas os requisitos de urgência e relevância. Em caso de rejeição nessa fase, haverá possibilidade de recurso ao Plenário da respectiva Casa.

A PEC 70/11 é a primeira tentativa política articulada de alterar o rito de tramitação das MPs. O rito em vigor foi aprovado em 2001 (Emenda Constitucional 32). Na época, a principal queixa dos parlamentares era a possibilidade de o Executivo reeditar mensalmente as MPs, o que na prática esvaziava a necessidade de o Congresso analisá-las.

Saiba mais sobre a tramitação de PECs

Reportagem – Keila Santana/Rádio Câmara
Edição – Ralph Machado

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