Política e Administração Pública

PM que fez denúncias contra ministro do Esporte será ouvido em audiência

26/10/2011 - 12:27  

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle ouve hoje o policial militar João Dias Ferreira sobre as denúncias de fraudes no programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. O convite ao policial foi proposto pelo líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA). Também deverá ser ouvido o motorista Célio Soares Pereira, que também fez acusações contra o ministro do Esporte, Orlando Silva.

Veja entrevista na TV Câmara com Antonio Carlos Magalhães Neto e Paulo Teixeira sobre as denúncias contra o ministro.

“É importante que João Dias e Célio possam trazer, na riqueza de detalhes que já apresentaram à imprensa e na reunião com as oposições, todas as denúncias que pesam contra o Ministério do Esporte”, disse Magalhães Neto.

Ontem, o ministro esteve na Câmara para participar de audiência pública sobre a realização da Copa do Mundo de 2014 e sofreu fortes ataques de deputados da oposição, que cobravam a saída dele do cargo. O ministro se recusou a responder as críticas durante a audiência e falou sobre as denúncias após o debate. Ele  garantiu que não sairá do cargo e declarou que, até agora, as acusações não trouxeram provas contra ele ou sua conduta no cargo.

As denúncias contra o ministro foram publicadas na revista Veja. Na reportagem, o policial João Dias – ex-militante do PCdoB, partido ao qual o ministro é filiado – acusa Orlando Silva de estar envolvido em um esquema de irregularidades que, em oito anos, teria desviado mais de R$ 40 milhões do programa Segundo Tempo. Ele também relata que o ministro teria recebido um pacote de dinheiro desviado do programa.

Falta de provas
Em audiência na Câmara, na semana passada, o ministro do Esporte disse que não cometeu irregularidades na execução do programa Segundo Tempo e argumentou que, até agora, o policial não apresentou provas.

Magalhães Neto, no entanto, disse que o policial fez um depoimento “consistente e rico em detalhes” em reunião fechada com parlamentares da oposição. “João Dias afirmou categoricamente que tem provas e que, no momento certo, está disposto a mostrar essas provas.”

O deputado espera que o policial entregue provas, como gravações e documentos, durante a audiência da Comissão de Fiscalização Financeira. “Quem ouve o João Dias percebe que havia uma quadrilha operando no Ministério do Esporte. Para confirmar ou não a existência disso, é fundamental que ele possa vir à Câmara e apresente as provas daquilo que está denunciando.”

“A partir do que for dito e das evidências apresentadas, vamos querer que todos envolvidos sejam punidos, caso fique comprovada a sua participação em atos de corrupção. Não interessa se é governador, se é ministro”, disse Magalhães Neto.

Investigações
O líder do DEM disse que confia no trabalho da Polícia Federal, que vai apurar as denúncias contra o ministro. Ele lembrou ainda que, em fevereiro deste ano, apresentou requerimento que gerou a abertura de investigação no Tribunal de Contas da União (TCU) sobre irregularidades envolvendo o programa Segundo Tempo.

Reinaldo Ferrigno
Orlando Silva (ministro dos Esportes)
Orlando Silva disse que não cometeu irregularidades.

Na audiência na Câmara, na semana passada, o ministro do Esporte disse que colocou seus sigilos à disposição e que pediu a abertura de inquérito na Polícia Federal e de investigação no Ministério Público para apurar as denúncias.

Orlando Silva chamou João Dias Ferreira de “desqualificado, criminoso e bandido”. “Quem tem provas contra ele sou eu, os autos dos processos que fizemos para recuperar os recursos públicos”, disse o ministro, que apresentou papéis do processo judicial contra João Dias Ferreira por suposto desvio de verba pública e enriquecimento ilícito.

O policial militar comanda duas ONGs que receberam recursos em convênios com o Ministério do Esporte e responde a processo judicial que tramita em segredo de Justiça, no qual o Ministério Público pede a condenação dele e a devolução de R$ 3,17 milhões aos cofres públicos. Em 2010, ele chegou a ser preso pela Polícia Civil de Brasília.

Para Magalhães Neto, porém, o discurso do ministro é de alguém que “está na defensiva, que quer se esquivar das graves denúncias que foram apresentadas contra o seu ministério”. O deputado disse que a situação do ministro do Esporte torna-se, a cada dia, mais insustentável.

A audiência será realizada às 14h30 no plenário 1.


Da Redação/PT

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