Direitos Humanos

Especialistas pedem mais vacinas no calendário oficial

11/04/2006 - 20:02  

O presidente do Instituto Brasileiro de Prevenção às Doenças Pneumocócicas e Meningocócicas (PneumoMening), Ricardo Ohira, defendeu hoje na Câmara a inclusão da vacina contra a meningite no calendário nacional de vacinação. O preço da dose dessa vacina varia de um estado para outro, situando-se entre R$ 150 e R$ 300. São necessárias quatro doses para imunizar cada criança.
Já o infectologista e pediatra Marco Aurélio Sáfadi defendeu o uso da vacina conjugada nas infecções pneumocócicas. Sáfadi apresentou dados dos Estados Unidos segundo os quais houve, no período entre 1998 e 2004, uma redução de 77% dos casos de pneumonia nas crianças abaixo de um ano de idade. Nesse período foi utilizada a vacina conjugada.
Os dois participaram de audiência pública sobre as conseqüências das doenças pneumocócicas e meningocócicas e as políticas públicas para a prevenção das doenças epidemiológicas no Brasil. O encontro foi promovido pela Comissão de Seguridade Social e Família.
O professor-adjunto de Infectologia Pediátrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro Edimilson Migowski considera que a ação preventiva deve ter prioridade e sugeriu a inclusão de outras vacinas no calendário nacional de vacinação. São elas a Pneumo 7, a Meningo C, a Anti-influenza, a vacina contra varicela e a DTPa (contra difteria, tétano e coqueluche acelular). "Se não temos como atender a todos [na área de saúde], vamos prevenir com vacinação e saneamento básico. O resultado do saneamento pode demorar, mas a vacinação tem resultado imediato", disse Migowski.

Faltam recursos
Segundo o governo, não há recursos para a inclusão de tantas vacinas no calendário. O diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde, Expedito Luna, disse que o Orçamento da União dispõe de R$ 700 milhões para todas as vacinas aplicadas atualmente. Apenas a vacina pneumocócica conjugada custaria R$ 1,4 bilhão para o País.
"Ao discutirmos a inclusão dessa vacina no calendário, temos que pensar numa ação programada. Não se pode incluir a vacina em um ano e no outro excluí-la", alertou Luna, durante o debate na comissão.
O representante do governo ainda esclareceu que os critérios para inclusão de uma vacina se baseiam no impacto da doença - freqüência, gravidade e número de pessoas que adoecem. Além disso, a possibilidade de transferência tecnológica da vacina para o âmbito público de vacinas do Brasil depende, segundo ele, da possibilidade de negociação com quem detém a patente.
Luna disse ainda que o Brasil tem um dos maiores programas de vacinação do mundo. O programa nacional de imunização, segundo ele, foi criado em 1973 pelo ministério e hoje tem como principal objetivo expandir a utilização de agentes imunizantes no País.

As doenças
As doenças pneumocócicas incluem pneumonia, bacteremia (presença de bactéria na corrente sangüínea), otite média aguda, sinusite e septicemia (infecção bacteriana de múltiplos órgãos). A doença meningocócica é a inflamação das meninges (membranas que envolvem o cérebro) pela bactéria meningococo.
Integrante da Sociedade Brasileira de Pediatria, o médico infectologista Eitan Berezin chamou atenção para o fato de no Brasil não serem quantificadas a seqüelas dessas doenças, que comprometem a produtividade de parcela da população.

Interesses
O deputado Francisco Gonçalves (PPS-MG), que solicitou a audiência pública, defendeu um calendário único para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para a rede privada. Já o vice-presidente da comissão, deputado Nazareno Fontelles (PT-PI), ponderou que é preciso prudência científica para incluir vacinas no calendário, a fim de que os interesses comerciais da indústria farmacêutica não predomine.

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Da Redação/SC

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