Propaganda destinada a crianças preocupa internautas

10/11/2005 - 19:29  

A publicidade na televisão brasileira é motivo de preocupação para boa parte das pessoas que participaram do bate-papo pela internet promovido nesta quinta-feira pela Agência Câmara de Notícias. Durante quase duas horas de conversa com o deputado Orlando Fantazzini (Psol-SP) - autor do Projeto de Lei 1600/03, que cria um código de ética para a TV, e coordenador da campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania" -, os internautas criticaram principalmente as conseqüências da propaganda para o público infantil.
O projeto de Fantazzini proíbe a propaganda destinada às crianças, permitindo que seja direcionada apenas aos pais, a partir das 21 horas.
"Os anúncios de cerveja do `Tio Zeca Pagodinho` ensinam à molecada que, para sair da fossa, é só usar droga: cerveja, cigarro, a própria TV", disparou a participante identificada como Morana.
Segundo Fantazzini, um dos objetivos da campanha contra a baixaria neste ano é regulamentar propagandas direcionadas à criança e ao adolescente. Até porque, no Brasil, são os próprios publicitários que controlam a publicidade, por meio do Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar). O que se pretende, afirmou, é evitar que as crianças sejam preparadas para serem consumidores vorazes e deixem de ser cidadãs.

O que é baixaria
Ao discutir o combate ao baixo nível na televisão, os internautas perguntaram se a campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania", da Comissão de Direitos Humanos, não vai contra a liberdade dos brasileiros. A campanha consiste no acompanhamento da grade televisiva para indicar os programas que desrespeitam a cidadania.
"Não entraria aí um caráter elitista? O que é considerado baixaria pelo senhor pode não ser para a sua empregada", argumentou a debatedora Cris. "Quem assiste às baixarias é porque gosta, não vai boicotar os programas", disse por sua vez o participante Alberto.
Orlando Fantazzini esclareceu que baixaria não é subjetiva: é tudo o que atenta contra os direitos humanos, como a discriminação de raça e de opção sexual, a apologia à violência ou a estimulação sexual precoce de crianças.
O deputado também rebateu a idéia de que só vê programas baixos quem gosta. "Excetuando-se aqueles que têm condições econômicas de ter um canal por assinatura, recursos para ir ao teatro e ao cinema, a maioria do povo brasileiro tem apenas na televisão comercial aberta sua oportunidade de entretenimento", disse.
Outro argumento utilizado por Fantazzini contra a baixaria é que a população reclama, sim, e faz denúncias, a partir das quais é elaborado um ranking da baixaria na TV. Um dos programas que mais recebeu reclamações foi o Tarde Quente, comandado pelo apresentador João Kleber na Rede TV!. Na semana passada, a Justiça suspendeu a veiculação do vespertino por 60 dias.

TV aberta
Os participantes do chat fizeram ainda sugestões para melhorar a qualidade da televisão no País. O internauta Juca, por exemplo, sugeriu a concessão de mais canais de TV para aumentar a concorrência. Orlando Fantazzini, no entanto, lembrou que o problema nesse caso é a falta de espaço eletromagnético.
Já Alberto e Cleto pediram a transmissão da programação das TVs Câmara e Senado em canais aberto. O obstáculo aqui, segundo Fantazzini, não é somente a falta de espaço. Pesa também o lobby que as emissoras abertas fazem no Parlamento. "Na maioria das vezes, o Congresso prefere não fazer o enfrentamento para não sofrer retaliações dessas emissoras. Lembremo-nos do tratamento que a TV Globo dava a Brizola, Lula, Saturnino Braga, dentre tantos outros que se opunham a esses monopólios", alfinetou.
Ele lembrou ainda que oito famílias controlam todos os meios de comunicação no País. Além disso, 36% dos senadores e 21% dos deputados direta ou indiretamente são detentores de concessão de rádio ou televisão.

Saiba mais sobre o PL 1600/03
Leia o chat com o deputado Orlando Fantazzini
Conheça o site Ética na TV, da Comissão de Direitos Humanos

Da Redação/NN

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência)

Agência Câmara
Tel. (61) 3216.1851/3216.1852
Fax. (61) 3216.1856
E-mail:agencia@camara.gov.br
A Agência também utiliza material jornalístico produzido pela Rádio, Jornal e TV Câmara.PR

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.