Ministério vai ajudar CPMI na busca de contas no exterior

12/08/2005 - 16:31  

A secretária nacional de Justiça, Cláudia Chagas, prometeu nesta sexta-feira a deputados e senadores da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios cooperar no rastreamento de recursos depositados em contas no exterior. A ajuda foi solicitada pelo presidente da comissão, senador Delcidio Amaral (PT-MS), a partir das declarações prestadas por Duda Mendonça na quinta-feira. O publicitário disse que teria recebido R$ 10,5 milhões em depósitos em paraíso fiscal nas Bahamas, relacionados à campanha do PT em 2002.
Delcidio espera tomar nos próximos dias uma série de providências para efetivar o trabalho da CPMI com o Ministério da Justiça. "Vamos rastrear todas as outras contas apresentadas pelo publicitário para descobrir de onde os depósitos se originaram", declarou.

Repatriação dos recursos
A secretária não descartou a possibilidade de bloqueio e repatriação dos recursos. "Se o dinheiro for de origem ilícita, o governo brasileiro vai com certeza se empenhar para recuperá-lo", apontou. "Mas é preciso antes esclarecer qual a origem desse dinheiro."
As investigações serão realizadas pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, tomando como base as informações da CPMI. A secretária afirmou ainda que o ministério vai pedir a colaboração dos países com instituições financeiras envolvidas na transferência do dinheiro.
Ela citou os Estados Unidos, com quem o Brasil já tem acordo de colaboração sobre o tema. Segundo ela, não há acordo com as Bahamas, mas isso não deve impedir a cooperação.

Mudança de foco
Também presente na reunião com a secretária, o sub-relator da sistematização de documentos e do controle das investigações da CPMI, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), defendeu a mudança de foco das investigações da comissão depois do depoimento de Duda Mendonça. "Precisamos rastrear todas as informações desse caixa dois internacional. Até agora, só sabíamos do caixa dois do Brasil", disse.
Sampaio defendeu ainda a investigação dos fundos de pensão, de onde teria vindo parte do dinheiro do caixa dois, e a restrição de novos depoimentos a pessoas que estariam "no comando do esquema". Ele citou o deputado José Dirceu (PT-SP) e o coordenador do Núcleo de Assuntos Estratégicos do governo, Luiz Gushiken, como dois dos principais depoimentos a serem tomados.

Novas irregularidades
O sub-relator de movimentação financeira, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), observou que Duda Mendonça revelou a caracterização de novas irregularidades além do crime eleitoral. "Foram caracterizados os crimes de lavagem de dinheiro, de sonegação fiscal e contra o sistema financeiro", listou.
Fruet destacou a importância de se investigar quem abasteceu as contas no exterior. "Duda Mendonça se comprometeu a enviar os extratos. Estamos agora tentando contato com o advogado dele para confirmar se o publicitário permite a transferência dos dados bancários", disse.
O sub-relator quer verificar primeiro se a conta de Duda no exterior foi abastecida com recursos que saíram da agência de publicidade SMPB, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, ou se existe outra fonte da empresa Dusseldorf, titular da conta off-shore (empresa em que o dono não pode ser identificado publicamente).

Bate-papo
Em um bate-papo promovido nesta sexta-feira pela Agência Câmara, Gustavo Fruet respondeu a perguntas de mais de 130 internautas sobre os trabalhos da CPI Mista dos Correios. No chat, que bateu recorde de participação, o sub-relator da CPMI falou sobre o andamento das investigações e a análise dos documentos, que já conta com a colaboração de 15 consultores do Banco Central, do Tribunal de Contas da União, do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e outros órgãos.

Confira o chat realizado nesta sexta-feira sobre a CPMI dos Correios

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Parlamentares sugerem bloqueio da conta de publicitário

Reportagem - Geórgia Moraes e Mônica Montenegro
Edição - Francisco Brandão

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