Política e Administração Pública

Debate atesta falta de profissionais em psiquiatria

18/05/2004 - 22:02  

Faltam profissionais na área da saúde para atendimento psiquiátrico. A avaliação foi feita nesta terça-feira pelo coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Godinho. Ele participou de audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara para discutir a assistência psiquiátrica no Brasil.
De acordo com Godinho, é necessário aumentar os ambulatórios de psiquiatria e as residências terapêuticas. Ele disse que o Brasil dispõe de apenas 200 dessas residências. Além disso, segundo explicou, é necessário fazer com que os Hospitais Gerais, aqueles que fazem atendimento de clínica geral, atendam os pacientes que sofrem transtorno mental. Godinho esclareceu que são poucos os hospitais no Brasil que fazem esse atendimento e que um dos motivos é o preconceito.
Quanto à falta de profissionais, ele citou como exemplo a cidade de Salvador (BA), onde existem apenas dois centros de saúde mental. "Deveria haver dez, mas há apenas dois. Temos problemas com recursos humanos. De uma maneira geral, os profissionais da saúde, principalmente os de nível superior, concentram-se nas grande cidades, especialmente na região Sudeste. Esse é um problema da política de saúde no Brasil, principalmente em relação a especialistas. Então nós estamos investindo na capacitação de médicos clínicos, na capacitação do programa de saúde da família, para permitir que o atendimento em saúde mental atinja também os municípios do interior", disse.

Cobertura melhorou
Apesar da constatação, o dirigente diz que hoje a cobertura é muito melhor da que era feita há um ou dois anos atrás. “O Ministério da Saúde vai trazer um relatório circunstanciado para mostrar as desigualdades que existem em relação a municípios acima de 100 mil habitantes. É preciso mostrar que vários municípios estão recebendo muito bem o programa de saúde mental”.
Godinho garantiu que pretende continuar o debate, mas com dados mais precisos sobre a cobertura assistêncial em lugares diferentes do País. “Eu vou comprovar com números que a cobertura em saúde mental melhorou muito, especialmente de 2003 para cá. Estamos atingindo um número maior de pessoas, estamos atendendo mais os pacientes graves, que são nossa prioridade: psicóticos, usuários de drogas, mais do que atendíamos antes. Embora essa cobertura esteja se ampliando, ainda precisa melhorar”.

Remuneração dos profissionais
O representante do Conselho Federal de Medicina, Emmanuel Fortes Silveira, ressaltou ainda a necessidade de melhorar a remuneração dos profissionais de saúde. Segundo Emmanuel Fortes, em alguns municípios há médicos que recebem R$ 720 por mês para trabalhar 20 horas por dia. No estado de Alagoas, ele disse que o último médico psiquiatra a ingressar no cargo foi em 1996. Na sua avaliação, a má remuneração e as condições de trabalho são alguns dos fatores que distanciam esses médicos da profissão.
A audiência pública foi realizada nesta terça, 18 de maio, para recordar o Dia Nacional da Luta Antimanicomial.

Reportagem - Lucélia Cristina
Edição - Regina Céli Assumpção

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