Técnico cobra financiamento para cumprir metas antiaquecimento

18/11/2009 - 15:42  

O técnico sênior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Rodrigo Brito Justus cobrou a criação de mecanismos de financiamento para que o Brasil possa cumprir as metas de redução das emissões estabelecidas pelo governo até 2020.

Durante comissão geral que discutiu a posição brasileira na Conferência do Clima, que será realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no mês que vem, em Copenhague, Justus argumentou que só a recuperação de pastagens degradadas demandaria entre R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões, recursos de que os produtores não dispõem.

Em relação à Amazônia, ele lembrou que a região necessita de um novo modelo de desenvolvimento para evitar desmatamento. Para isso, ressaltou, também é necessário financiamento. "A redução do desmatamento implica o desenvolvimento de ciência e tecnologia", observou.

Em sua opinião, os países desenvolvidos devem investir nessas áreas, até porque estão preocupados com a Amazônia, e o Brasil deveria discutir o assunto no encontro de Copenhague. Ele disse que a Câmara precisa debater valores para implementação das ações necessárias, para evitar que o País assuma compromissos sem a devida contrapartida.

Política e fundo
Já a presidente da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), ressaltou a importância da aprovação da política nacional e do fundo sobre mudança climática na Câmara. Os dois projetos ainda estão sendo discutidos no Senado, mas ela garante que eles devem ser aprovados.

Ela lembrou que, no Senado dos Estados Unidos, o plano sobre redução de emissões está paralisado e pode não ser aprovado. "Precisamos exigir dos países que comprometeram o planeta as metas de redução das emissões", afirmou.

Plano de execução
O presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, senador Renato Casagrande (PSB-ES), disse que cabe ao Congresso cobrar do governo um plano de execução para o cumprimento de metas de redução da emissão de gases de efeito estufa. "É preciso desdobrar o compromisso brasileiro, não podemos lidar com metas lançadas ao vento", declarou.

Casagrande lamentou que o debate no Congresso sobre o assunto ocorra após a decisão do governo. "O Congresso deveria ter tomado uma decisão política anterior à decisão do governo de assumir o compromisso de reduzir entre 36,1% e 38,9% sobre as estimativas de emissões de gases do efeito estufa previstas para 2020." Na opinião do senador, cabe agora aos parlamentares continuar o debate e concluir a votação da Política Nacional de Mudanças Climáticas e do Fundo Nacional de Mudanças Climáticas, já aprovados pela Câmara.

O ex-deputado e consultor Fábio Feldmann ressaltou a importância do cumprimento das metas de redução da emissão dos gases de efeito estufa. "A meta é o passaporte para que a economia brasileira se torne de baixa intensidade de carbono e seja competitiva. Quanto antes a indústria brasileira incorporar o clima em sua política, mais ela terá mais competitividade", disse o consultor.

A diretora do Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Branca Bastos Americana, por sua vez, ressaltou que o Brasil possui uma série de ações positivas para oferecer ao mundo, justamente por analisar matérias como a política nacional e o fundo de mudanças climáticas. Para ela, o País está em posição de exigir de outros países que tomem providências.
"Desenvolvimento tem que ser sustentável e compatível com a mudança do clima. Não existe mais essa contradição entre desenvolvimento e redução de emissões", disse.

Reportagem - Noéli Nobre e Marcello Larcher
Edição - Newton Araújo

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