Política e Administração Pública

Comitês e entidades pedem mais verbas para treinar atletas

14/10/2009 - 20:28  

Em debate na Comissão de Turismo e Desporto, nesta quarta-feira, representantes de entidades pediram mais recursos, especialmente da arrecadação de loterias, para financiar o esporte e a formação de atletas. O tema ganhou destaque diante do desafio do Brasil de sediar as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

Atualmente, 2% da arrecadação bruta das loterias federais são destinados aos comitês olímpico e paraolímpico brasileiros. A comissão analisa dois projetos que mudam esse quadro. Um deles — o PL 4614/09, do deputado Otavio Leite (PSDB-RJ) — inclui os clubes formadores de atletas entre os beneficiários diretos dos recursos lotéricos.

O presidente do Conselho de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos, Sérgio Coelho, reivindica 30% desse bolo. "Nós investimos na formação com recursos nossos e nunca recebemos um centavo para isso. Os atletas de alto nível são remunerados pelos clubes porque hoje não existe mais amadorismo, e todos ganham alguma coisa. E o que nós ganhamos? Nada", afirmou.

Estudantes
Outro projeto — o PL 5818/09, do deputado Silvio Torres (PSDB-SP) — eleva para 2,5% o índice da arrecadação lotérica destinada ao esporte e, além dos clubes, contempla as entidades escolares e universitárias.

Segundo o presidente da Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE), Sérgio Rufino, essa medida é fundamental para a formação de atletas de alto nível. "Isso nos dará autonomia para desenvolver nossas atividades. A CBDE tem um universo de 40 milhões de jovens na idade escolar que podem participar de competições. Não existe atleta olímpico de nível sem apoio na base", ressaltou.

O diretor jurídico da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU), Marcelo Falcão, também defendeu a aprovação do PL 5818/09, pois ele contempla a entidade com recursos lotéricos: "A aprovação da matéria será o marco de garantias efetivas da nossa existência e independência, já que hoje é muito complicado fazer políticas públicas de desenvolvimento do esporte sem recursos de longo prazo."

Sérgio Rufino pediu a aprovação da proposta, para "dar uma guinada no desporto escolar". Ele lembrou que, em 2011, o Brasil vai sediar o Campeonato Mundial Escolar, com atletas de 26 países. E neste ano quase 100 atletas brasileiros vão participar da Gymnasiade, a olimpíada escolar, no Qatar.

Comitês
Os PLs 5819/09 e 4614/09 tramitam em conjunto e o presidente da Comissão de Turismo e Desporto, deputado Afonso Hamm (PP-RS), aposta no consenso sobre as matérias.

Ele também avalia a possibilidade de a comissão apresentar uma emenda a um outro projeto, o PL 5186/05, que reformula a Lei Pelé e já está pronto para votação em Plenário. "Nós temos de buscar um prêmio [lotérico] maior e, consequentemente, um repasse significativo contemplando os comitês olímpico e paraolímpico e reconhecendo os clubes formadores", afirmou.

Segundo o consultor jurídico do Ministério do Esporte Wladimyr Camargos, os comitês e os clubes formadores devem ser contemplados com recursos oficiais. "Esses clubes devem ter reconhecimento orçamentário por parte dos entes de governo, não só da União".

A Caixa Econômica Federal informou que, desde 2003, investiu cerca de R$ 2 bilhões nos esportes, por meio de recursos próprios e lotéricos.

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Reportagem - José Carlos Oliveira/Rádio Câmara
Edição - Patricia Roedel

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