Maurício de Sousa defende publicidade dirigida às crianças

18/06/2009 - 19:29  

Na audiência da Comissão de Desenvolvimento Econômico desta quinta-feira que discutiu a proibição da publicidade dirigida às crianças (Projeto de Lei 5921/01), o cartunista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica defendeu a existência de publicidade para crianças, mas dentro de um ambiente de "consciência do consumo".

"Na hora de vender um produto, se pergunte se você daria esse produto ao seu filho", comentou Sousa. As mudanças no comportamento de seus personagens refletem o aumento da consciência sobre o que apresentar ao público infantil. A Mônica não bate mais na criançada, o Cebolinha não picha mais os muros e o cachorro Floquinho só anda de coleira.

Ao falar dos progressos nos gibis com o objetivo de passar mensagens mais adequadas às crianças, o quadrinista Maurício de Souza defendeu uma publicidade responsável. "A comunicação, a mídia está nesse processo de transformação. A mídia consciente não precisa de uma legislação a mais."

Crianças nos comerciais
O vice-presidente-executivo do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), Edney Narchi, disse que está especialmente preocupado com o artigo que proíbe a participação de crianças em qualquer tipo de publicidade, e não apenas na de produtos de que podem fazer mal à saúde, como medicamentos e bebidas.

Já o vice-presidente da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), Rafael Sampaio, acredita que o projeto não combateria problemas como o consumo excessivo ou a obesidade infantil, que são "complexos e multifacetados".

Situações totalitárias
O vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), Armando Strozenberg, criticou a possibilidade de proibição total da publicidade para crianças.

Strozenberg afirmou que a publicidade divulga informação para que o cidadão possa escolher um determinado produto. Ele lembrou que, no Brasil, a publicidade já obedece à Constituição, ao Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) e ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).

Por isso, considerou que não é preciso chegar a "situações totalitárias", como proibir totalmente a publicidade dirigida a crianças. O vice-presidente da Abap ressaltou que há diferentes regulações sobre publicidade em todo o mundo, mas que apenas um país (a Suécia) proibiu completamente a publicidade direcionada a crianças de até 12 anos de idade.

Ele disse, no entanto, que as crianças da Suécia são consideradas mentalmente incapazes de discernir sobre o conteúdo de publicidade. E fez uma relação entre esse fato e a taxa de suicídio naquele país, que vem crescendo na faixa etária entre 14 e 15 anos. Ele informou, ainda, que cresceu em 12% os casos de abusos de crianças na Suécia entre 2005 e 2006.

Reportagem – Paula Bittar
Edição - Newton Araújo

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