Ciência, tecnologia e Comunicações

Pré-sal: Coppe defende valorização de pesquisadores brasileiros

16/06/2009 - 14:10  

Segen Estefen pede valorização de pesquisa na política do pré-sal e contratos de trabalho mais longos para pesquisadores no Brasil.

O coordenador do Laboratório de Tecnologia Submarina da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coope), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Segen Farid Estefen, defendeu, nesta manhã, a valorização do pesquisador na política de exploração da camada do pré-sal . Para ele, é preciso dar garantia de continuidade de emprego na área de pesquisa, com contratos de 5 ou 10 anos, no lugar dos contratos atuais, de estágio de 2 anos. "Temos de criar uma carreira de pesquisa, com estabilidade, porque o País só vai avançar se puder manter esse pessoal", disse.

Estefen participou do seminário da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática sobre a inovação tecnológica para exploração do pré-sal.

O presidente da comissão, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), também defendeu a capacitação tecnológica. Para ele, será fundamental debater a utilização dos recursos do fundo setorial do petróleo, vindos dos royalties da exploração do produto, e direcioná-los para a formação de pessoal. "Durante vários anos, a formação de engenheiros, principal profissional demandado pelo pré-sal, ficou estagnada em nosso País, e serão necessários profissionais com perfil específico", avaliou.

Fundações de pesquisa
Estefen aproveitou para pedir aos deputados uma definição sobre as fundações de amparo à pesquisa. A atuação da fundação da Coope, a Coopetec, está ameaçada porque investigações do Tribunal de Contas da União (TCU), levantaram suspeição sobre esse modelo de financiamento em algumas universidades. "Mas existem fundações que realmente ajudam, e são importantes para a interação entre empresas privadas e os centros de pesquisa", disse.

A Coope, que participa de diversas redes da Petrobras, destacou a inauguração recente do Laboratório de Corrosão, Soldagem e Ensaios Não Destrutivos, que deve testar materiais para utilização no pré-sal, e o Laboratório de Visualização Científica da Rede Galileu, que abrigará o maior computador da América Latina, um dos 40 maiores computadores do mundo. "Essas instalações, embora sejam demandadas pela pesquisa no pré-sal, vão servir a muitas outras pesquisas. O computador de simulação, pode servir às perfurações, mas também fará modelos sobre mudanças climáticas", exemplificou.

Segundo Estefen, a capacitação em simulação computacional e núcleos tecnológicos de construção naval e de plataformas são os maiores desafios atuais.

Redes de tecnologia
A gerente-executiva de Engenharia de Produção da Diretoria de Exploração e Produção da Petrobras, Solange da Silva Guedes, que também participou do seminário, disse que a estatal tem criado redes de tecnologia com universidades brasileiras na expectativa de que a exploração do petróleo na camada pré-sal alavanque o desenvolvimento de pesquisas em outras áreas. Segundo Solange, são mais de 75 instituições em 45 redes espalhadas pelo País. "Também estamos trazendo tecnologia de fora, porque, se assinamos um acordo com o Instituto Francês de Petróleo, colocamos uma rede dentro [do acordo], de forma a haver troca de conhecimentos", acrescentou.

A deputada Iriny Lopes (PT-ES), que propôs o seminário, explicou que os parlamentares querem saber quais os desafios a superar. "Ano passado, quando o presidente Lula esteve no Espírito Santo, estivemos presentes à primeira extração de petróleo, mas sabemos que ainda há muita pesquisa até podermos explorar realmente o pré-sal", disse.

Segundo o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, José Lima de Andrade Neto, os desafios que o pré-sal apresenta são enfrentáveis. "Quando a Petrobras descobriu petróleo em águas profundas nos anos 80, foi a mesma coisa, e enfrentamos o desafio. Não são obstáculos, a Petrobras, as demais empresas e os institutos de pesquisa têm condições de responder rapidamente à demanda", concluiu.

Continua:
Deputado defende estender benefícios do pré-sal a toda sociedade

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Reportagem – Marcello Larcher
Edição – Natalia Doederlein

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