Agropecuária

Americano rebate denúncia de biopirataria em hotel no Amazonas

02/06/2009 - 20:27  

Explicações não convenceram a deputada Vanessa Grazziotin, que pediu a realização de debate sobre o tema.

O americano Philip Marsteller, responsável pelo Rio Negro Lodge, no município de Barcelos, no Amazonas, negou nesta terça-feira que mantenha um laboratório clandestino no hotel. A suspeita de que o luxuoso empreendimento esteja envolvido em biopirataria é investigada pelo Ibama desde que uma operação de fiscalização encontrou no local, em abril, um laboratório equipado com instrumentos de pesquisa de material biológico.

Em audiência pública na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, Philip Marsteller informou que mantém no hotel apenas um alojamento para integrantes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que realizariam estudos sobre o tucanaré, um peixe da região. Ele não soube informar, no entanto, se existe algum documento que comprove a parceria com o instituto.

As explicações de Marsteller não convenceram a autora do pedido para a realização da audiência, deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). "É um centro de pesquisas todo equipado. Ele afirmou que há convênio, depois disse que era verbal e nós sabemos que nem é verbal nem o Inpa desenvolve essa linha de pesquisa", ressaltou.

Marsteller se disse perseguido: "Estou aqui para responder por biopirataria e isso não acontece; eu tenho lutado pela preservação do tucanaré e da área. Muito dessa pressão é devido às denúncias que tenho feito ao Ministério Público Federal sobre ilegalidades no município — houve cinco indiciamentos por causa de atividades de turismo sexual de crianças, e tenho falado sério contra isso."

Indícios
Em abril, uma operação conjunta do Ibama, da Marinha e da Receita Federal encontrou uma série de irregularidades no Rio Negro Lodge, como problemas na importação de equipamentos; ausência de licença ambiental; funcionamento irregular de uma marcenaria; posse de madeira sem documentação de origem; e manutenção de animais silvestres em cativeiro. O empreendimento foi embargado e multado em mais de R$ 2 milhões.

Segundo o diretor de Fiscalização do Ibama, Luciano Evaristo, foram encontrados no local indícios "bastante consistentes" de biopirataria, como dois besouros ameaçados de extinção acondicionados para viagem. "Vamos aprofundar as investigações", informou Evaristo.

Próximos passos
A Comissão da Amazônia deverá realizar uma reunião secreta sobre o caso no dia 16 de junho, para receber informações mais detalhadas da Receita Federal e do Ibama. Parlamentares também devem agendar uma visita ao Rio Negro Lodge.

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Reportagem - Ana Raquel Macedo/Rádio Câmara
Edição – João Pitella Junior

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