Economia

Central sindical aponta queda na renda do trabalhador com a crise

19/05/2009 - 19:49  

A crise econômica tem afetado o emprego dos trabalhadores brasileiros, com grande rotatividade e queda na renda, ainda que alguns números não mostrem isso. Essa foi a posição defendida pelo secretário de política sindical e relações institucionais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Joílson Cardoso, durante audiência pública promovida nesta terça-feira pela comissão especial criada para analisar os efeitos da crise econômica global na área da indústria.

O dirigente sindical afirmou que o aumento de 106 mil empregos no mês de abril anunciado pelo Ministério do Trabalho na segunda-feira (18) esconde uma informação preocupante. Segundo ele, foram demitidos 1.244.000 trabalhadores mais qualificados e com salários melhores para contratar-se 1.350.000 pessoas, em geral, menos qualificadas e com remuneração inferior. "O dado sozinho esconde esse outro lado da queda na renda dos trabalhadores", ressalta.

Rotatividade nos empregos
O relator da comissão especial, deputado Pedro Eugênio (PT-PE), concordou com o dirigente quanto ao problema das demissões. "Me parece que um aspecto da crise tem sido a aceleração das trocas no postos do mercado de trabalho", disse.

O parlamentar questionou também o conceito de que a legislação nacional dificulta a contratação e a demissão de profissionais, como se afirma. "Pelo quadro de alta rotatividade que temos visto desde o início da crise, imagina como seria se tivéssemos flexibilizado as leis trabalhistas", acrescenta.

Para Joílson Cardoso, as medidas que têm sido tomadas pelo governo no combate à crise são de caráter conjuntural, como a redução no valor do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) pago pelas montadoras de automóveis e o abatimento de parte dos empréstimos compulsórios das instituições financeiras.

O sindicalista acrescentou que, na opinião das centrais sindicais, o melhor para o País seriam mudanças estruturais, como a redução da carga de trabalho de 44 para 40 horas semanais, mas sem redução nos salários.

Qualificação
Questionado pelo deputado Lupércio Ramos (PMDB-AM) sobre como as centrais têm trabalhado para capacitar os trabalhadores como forma de combater a crise, Joílson respondeu que elas devem priorizar a qualificação dos seus trabalhadores. "Com treinamento adequado e seguro-desemprego, os trabalhadores podem sair de um setor que tem demitido e migrar para outro que esteja em ascensão", disse o sindicalista.

No final da audiência, o presidente da comissão, deputado Albano Franco (PSDB-SE), voltou a ressaltar os esforços realizados pelo governo federal para diminuir a carga do PIS e da Cofins sobre os bens de capital, que são as máquinas e equipamentos necessários para que as indústrias possam fabricar outros produtos.

Agenda
A comissão volta a se reunir nesta quarta-feira (20) para uma audiência pública com dirigentes de instituições financeiras. Está prevista a participação de Márcio Percival, da Caixa Econômica Federal; Walter Mallieni Júnior e Uilson Melo Araújo, do Banco do Brasil; Rubens Sardenberg, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban); Rogério Troster, da Integral Trust, e Sérgio Werlang e Tomás Málaga, do Itaú/Unibanco.

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Reportagem - Juliano Pires
Edição - Marcos Rossi

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